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A fazenda de Pepe Mujica no Uruguai que equivale a 20 campos de futebol

Ex-presidente uruguaio viveu na propriedade com sua esposa, Lucía Topolansky, até o último dia de sua vida

 (Dante Fernandez / AFP)

(Dante Fernandez / AFP)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 13 de maio de 2025 às 17h31.

Última atualização em 13 de maio de 2025 às 17h40.

Em 2010, ao ser eleito presidente do Uruguai, José 'Pepe' Mujica tomou uma decisão inusitada: optou por não se mudar para a residência oficial de Suárez, a casa destinada ao presidente do país.

A escolha, que gerou repercussão internacional, tinha um motivo especial. Pepe Mujica preferiu continuar morando no lugar onde passou a maior parte de sua vida: sua fazenda em Rincón del Cerro, um bairro operário situado a cerca de 20 minutos do centro de Montevidéu, capital do Uruguai.

A propriedade, com 20 hectares, o que equivale a aproximadamente 20 campos de futebol, foi sempre seu refúgio, algo que reforçava sempre em entrevistas quando era instado a falar sobre o tema.

Quando o Uruguai recuperou sua democracia, em 1985, Mujica, um ex-guerrilheiro tupamaro, saiu da prisão e disse que todos em seu país deviam aprender a “viver como pobres”. E foi o que ele fez. Mudou-se para a chácara e construiu uma vida simples.

Na fazenda, o ex-presidente uruguaio viveu com sua esposa, Lucía Topolansky, até o último dia de sua vida.

Cinzas na fazenda

Em 2024, Mujica revelou ao site Infobae que gostaria que suas cinzas fossem espalhadas naquele mesmo local que sempre considerou sua casa. Ele faleceu nesta terça-feira, 13, aos 89 anos.

Durante os últimos meses de sua vida, as aparições públicas de Mujica se tornaram mais raras. Em janeiro, ele anunciou que um câncer no esôfago havia se espalhado por todo o corpo, e que não seguiria com mais tratamentos.

Mesmo durante a campanha eleitoral que levou seu herdeiro político, Yamandú Orsi, à Presidência, Mujica apareceu apenas em alguns eventos.

Na pequena propriedade, Mujica fez uma única mudança significativa: construiu uma casa para os seguranças.

No espaço, o ex-presidente nunca deixou de cultivar hortaliças e flores, hábito que remonta à sua infância, quando, após perder o pai, precisou ajudar a mãe na produção agrícola para sustentar a família, e foi aí que se apaixonou pela terra.

Em agosto de 2019, Mujica — conhecido como o presidente "mais pobre" do mundo — doou cinco hectares e meio de sua propriedade à Direção Nacional de Apoio aos Libertos (Dinali) para a construção de moradias para ex-presidiários.

Também doou um galpão para a fabricação dos materiais necessários para as casas.

Quatro anos antes, em março de 2015, ao repassar a presidência para Tabaré Vázquez, ele já havia doado um armazém de sua propriedade para abrigar uma escola agrícola estadual.

"Meu futuro destino é embaixo daquela pedra, onde Manuela [sua cachorra] está enterrada. Quando eu morrer, vão me queimar e me enterrar lá", disse Mujica, ao site Infobae. Que seja feita a vontade do ex-presidente uruguaio.

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