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Alta de 80,2% nos preços do café em 12 meses é a maior do Plano Real, diz IBGE

Café moído ficou 4,48% mais caro em abril, segundo os dados do IPCA, divulgado nesta sexta-feira

Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo (Apuí Agroflorestal/Divulgação)

Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo (Apuí Agroflorestal/Divulgação)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 9 de maio de 2025 às 13h05.

Última atualização em 9 de maio de 2025 às 14h40.

Embora a inflação de alimentos tenha desacelerado na passagem de março para abril, os preços do café de todo o dia não param de escalar, segundo dados do IPCA divulgados nesta sexta-feira, 9, pelo IBGE. Com mais uma alta em abril, os preços médios do café moído acumulam em 12 meses a maior alta já registrada no Plano Real, há mais de 30 anos.

Em abril, a alta do café moído ao consumidor foi de 4,48%. No acumulado em 12 meses, os preços dispararam em 80,2%.

Na série histórica do IPCA, a última vez em que os preços do café ao consumidor subiram tanto no acumulado em 12 meses foi em maio de 1995. Só que, naquele mês, a variação acumulada ainda incluía na conta a dinâmica de reajustes de junho de 1994, o último mês antes do real entrar em circulação.

O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, e os preços estão em alta nos últimos anos, por uma conjunção de fatores que, mesmo que sejam temporários, demoram a passar.

Na contramão do pó do grão, o ovo apresentou, enfim, sua primeira queda no ano no mês de abril.

É o clima

Em primeiro lugar, a produção nacional vem sofrendo com o clima adverso. Depois de uma supersafra de 2019/2020, os cafeicultores brasileiros vêm enfrentaram uma geada atípica em 2021 e uma estiagem iniciada na primavera de 2023.

O problema é que o café é uma cultura perene. Diferentemente da produção de grãos, como soja e milho, que são plantados e colhidos anualmente, os pés do fruto vermelho originário no Norte da África vivem anos, com várias safras.

Por isso, os efeitos de um evento climático não se encerram no próprio ano. Depois de uma seca severa, os pés de café demoraram a se recuperar. Se morrem, o plantio de novos arbustos leva anos para produzir.

É diferente, portanto, de uma quebra de safra de soja ou milho, que pode ser seguida de uma supersafra no ano seguinte.

Safra de 2025 deverá subir 2,7%, mas ainda longe do recorde de 2020

A produção de café na safra de 2025 deverá somar 55,7 milhões de sacas, alta de 2,7% ante 2024, segundo a estimativa mais recente da Conab, empresa do Ministério da Agricultura que gere estoques de alimentos. Apesar da alta, a produção segue distante da safra de 2020, quando foram colhidos 63,1 milhões de sacas.

Outra particularidade é que o café é uma commodity, ou seja, uma matéria-prima cujos preços são cotados internacionalmente, em bolsas de valores. Por isso, os preços no Brasil também seguem o vaivém do dólar. Nos últimos meses, a taxa de câmbio passa por um alívio, mas vem de uma tendência de alta em 2024.

Para piorar, as cotações globais estão em alta também por causa de eventos climáticos em outros países. A quebra de safra mais importante ocorreu no Vietnã, outro importante exportador de café.

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