Amendoim: Brasil deverá colher 1,18 milhão de toneladas neste ano (Wikimedia Commons)
Agência de notícias
Publicado em 13 de maio de 2025 às 08h50.
O amendoim é tradicionalmente uma espécie de “cultura de apoio” às plantações de cana-de-açúcar em São Paulo, pois ajuda a melhorar a qualidade do solo na rotação de uso da terra, mas este cenário está mudando rapidamente. Variedades mais produtivas e com boa adaptação a diferentes regiões e o aumento da demanda com a abertura de mercados importantes no exterior, como a China, melhoraram os preços e levaram muitos produtores a colocar o amendoim como carro-chefe da produção.
A cultura tem atraído novos produtores em Ribeirão Preto, Pirangi e polos agrícolas nas regiões de Jaboticabal, Bebedouro e Pindorama, em São Paulo, e em cidades do Triângulo Mineiro e de Mato Grosso do Sul.
A pesquisa tem sido aliada estratégica na expansão internacional. O Programa de Amendoim do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), com base em Pindorama (SP), trabalha no desenvolvimento de cultivares com alto potencial produtivo e elevado teor de ácido oleico, composto que melhora o valor nutricional e aumenta o tempo de prateleira do amendoim.
Hoje, as sementes desenvolvidas pelo IAC ocupam entre 60% e 70% da área de cultivo de amendoim no Brasil, mas também há sementes argentinas e da Embrapa nas lavouras. O uso de sementes certificadas mais do que dobrou nos últimos anos, chegando a quase 70%, segundo o pesquisador Marcos Michelotto, coordenador do programa.
Resultado: o Brasil deverá colher 1,18 milhão de toneladas de amendoim neste ano, o maior volume da História, um aumento de 60% sobre o ano passado, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Paçoca, pé-de-moleque e tira-gosto de boteco à base de amendoim estão no dia a dia dos brasileiros, mas o produto tem amplo uso na indústria de alimentos: o óleo de amendoim é o quarto óleo vegetal mais utilizado no mundo.
O Brasil exporta cerca de 80% da sua produção, para mais de 80 países, com destaque para a China, que abriu seu mercado ao amendoim brasileiro em 2022, Japão e países do Leste Europeu.
Muitos agricultores veem o amendoim como uma alternativa de renda extra diante dos altos e baixos do mercado da cana. Na região de Ribeirão Preto, que já sofreu com pragas e crises de mercado na citricultura e na cana, muitos produtores acreditam que chegou a vez de o amendoim avançar com mais força.
— O amendoim é menos exigente em fertilidade do solo, o que abre oportunidade para regiões marginais ao cultivo de grãos. Nosso desafio agora é consolidar o amendoim como uma alternativa rentável, estável e tecnificada — diz Michelotto.