Repórter
Publicado em 18 de novembro de 2025 às 20h12.
A China retomou de forma acelerada as compras de soja dos Estados Unidos, encerrando a barreira ao comércio bilateral da commodity. A medida ocorre após a trégua comercial firmada no final de outubro e indica sinalizações de cumprimento do acordo por parte de Pequim. A informação foi divulgada pela Bloomberg.
O Departamento de Agricultura dos EUA confirmou nesta terça-feira, 18, a venda de 792 mil toneladas de soja para o mercado chinês, com entrega prevista para o ano comercial de 2025-2026. Segundo o órgão, trata-se da maior aquisição diária da oleaginosa desde 2023.
Desde o início de outubro, o volume total de soja americana adquirido pela China já supera um milhão de toneladas.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que deseja que a China "acelere" as compras e solicitou ao secretário do Tesouro, Scott Bessent, que fizesse esse pedido formalmente ao governo chinês.
"Nosso relacionamento com a China tem sido muito bom. E, no que diz respeito à compra de nossos produtos agrícolas, eles estão praticamente dentro do cronograma", declarou Trump em coletiva de imprensa no Salão Oval.
De acordo com a Bloomberg, a Cofco Group, estatal chinesa de comércio agrícola, reservou quase 20 carregamentos de soja americana nesta segunda-feira, 17, com entregas programadas para dezembro e janeiro.
Por outro lado, o movimento de compras reaquece o otimismo em torno da relação comercial agrícola entre os dois países, que em 2024 movimentou mais de US$ 12 bilhões. Ao longo do ano, a China evitou comprar soja dos EUA, uma tática que visava obter vantagem em negociações tarifárias. Isso gerou impactos para os agricultores americanos, já pressionados por custos elevados e pela inflação.
Mesmo com a reaproximação, a soja americana apresenta preços superiores à brasileira. Às vésperas de uma nova safra na América do Sul, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) revisou nesta terça-feira sua estimativa de produção para um recorde de 177,7 milhões de toneladas.
As novas compras ainda representam uma pequena parte do potencial de importações por parte da China. Segundo a Bloomberg, Pequim teria se comprometido com a aquisição de 12 milhões de toneladas até o fim do ano e mais 25 milhões anuais nos próximos três anos. A China não confirmou oficialmente esses compromissos, mas reduziu tarifas sobre o produto e suspendeu restrições para três exportadores dos EUA.