EXAME Agro

Às vésperas da visita de Lula, agricultores franceses pressionam Macron a barrar Mercosul-UE

França lidera grupo de países europeus reticentes em assinar o acordo comercial, mas cresce a adesão dentro da UE para que ele seja aprovado como forma de aliviar o impacto do tarifaço de Trump

Acordo comercial com o Mercosul: pressão cresce para que Macron reforce a oposição à medida durante visita de Lula (François Nascimbeni/AFP/AFP)

Acordo comercial com o Mercosul: pressão cresce para que Macron reforce a oposição à medida durante visita de Lula (François Nascimbeni/AFP/AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 4 de junho de 2025 às 11h47.

Última atualização em 4 de junho de 2025 às 11h55.

Agricultores e deputados franceses pediram, nesta quarta-feira, 4, ao presidente Emmanuel Macron que mantenha a pressão contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, na véspera da visita do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva a Paris. A França lidera o grupo de países europeus reticentes em assinar o acordo, mas a pressão dentro da União Europeia cresce para que ele seja aprovado como uma medida para aliviar o impacto da guerra comercial iniciada pelas tarifas de Donald Trump.

Jean-François Guihard, presidente da associação francesa de produtores de carne bovina e ovina Interbev, afirmou que ainda há tempo para impedir a aprovação do acordo, destacando que a visita de Lula não deve mudar a postura de Macron: “Ainda há tempo e é agora que devemos dizer não. A visita do presidente Lula não deve mudar o rumo”, disse Guihard.

Para o dirigente, Macron deve aproveitar a oportunidade para mostrar sua "firmeza" e reafirmar seu compromisso com um comércio internacional baseado em normas justas e sustentáveis.

Expectativas do setor agropecuário francês

Alain Carre, presidente da associação de produtores de beterraba e açúcar, também destacou a importância de expressar as preocupações do setor agropecuário. “Nós, o que esperamos, é sermos recebidos (...) por nosso presidente para reiterar o que dizemos aqui, inclusive com Lula”, afirmou Carre.

O processo de ratificação do acordo

A Comissão Europeia, que negocia em nome da UE, chegou a um acordo comercial com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai em dezembro, e ainda precisa definir o mecanismo a ser adotado para a aprovação e ratificação do acordo pela parte europeia.

Caso o acordo seja ratificado, a UE, principal parceira comercial do Mercosul, poderá exportar com mais facilidade produtos como automóveis, máquinas e medicamentos, enquanto o bloco sul-americano poderá vender mais produtos como carne, açúcar, soja e mel para o mercado europeu.

A oposição francesa ao acordo

O setor agropecuário francês tem se mostrado veementemente contrário ao acordo, argumentando que as exportações do Mercosul não cumprem as mesmas normas de produção que os produtos da UE. A França, em particular, busca aliados dentro da União Europeia para formar uma minoria de bloqueio contra a ratificação do acordo.

Em janeiro, a Assembleia Nacional da França se opôs por unanimidade ao acordo comercial alcançado. O deputado centrista e ex-ministro da Agricultura, Stéphane Travert, afirmou que o país está “nos aproximando pouco a pouco” do objetivo de impedir a ratificação, mas que ainda não alcançaram o objetivo final.

Desafios à ratificação do acordo

Enquanto aguardam a definição do método de ratificação, os opositores do acordo continuam a pressionar para que as exportações do Mercosul sejam adequadas aos padrões europeus, especialmente em relação a normas ambientais e de produção. A França continua a liderar as discussões sobre o impacto do acordo no setor agrícola, especialmente em relação às preocupações sobre a sustentabilidade e a justiça comercial.

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioAcordo UE-MercosulFrança

Mais de EXAME Agro

Sem tarifa, café do Vietnã pode invadir EUA e Brasil perder espaço

Japão está perto de abrir mercado para carne brasileira, diz Fávaro

EUA não terá alívio na safra atual, mesmo com compras da China

Greenlight, dos EUA, submete no Brasil primeiro bioinsumo à base de RNA