(Erlon Silva - TRI Digital/Getty Images)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 5 de março de 2025 às 10h24.
Última atualização em 5 de março de 2025 às 10h29.
O governo brasileiro afirmou nesta terça-feira, 4, que a suspensão das importações de carne bovina pela China não afeta a relação comercial entre os dois países. O país asiático foi o principal destino da carne bovina brasileira em 2024, com 1,33 milhão de toneladas exportadas, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
“Hoje, o Brasil tem 126 plantas frigoríficas habilitadas. Quando assumimos, havia 12 plantas suspensas. Retomamos essas 12 e abrimos mais 43, das 55 desse total de 126. Então, não é coerente que três plantas suspensas impactem a relação comercial”, disse, em nota, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.
Na segunda-feira, 3, a Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) anunciou a suspensão temporária das compras de carne bovina de três unidades de frigoríficos brasileiros, alegando “não conformidades” em relação aos requisitos chineses para o registro de estabelecimentos estrangeiros. O órgão chinês não especificou quais foram as irregularidades identificadas.
As unidades afetadas pela restrição são uma planta da Frisa, em Nanuque (MG), uma unidade da Bon-Marte, em Presidente Prudente (SP), e uma fábrica da JBS, em Mozarlândia (GO).
Também foram suspensos dois frigoríficos da Argentina, um do Uruguai e outro da Mongólia, este último abrangendo tanto carne bovina quanto carne ovina.
De acordo com a Abiec, já foi iniciado um diálogo entre os exportadores, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e as autoridades chinesas para “garantir a rápida resolução da questão”.
Na avaliação de Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, a suspensão não deve impactar significativamente o volume de exportação. No entanto, a decisão levanta suspeitas de que Pequim busca pressionar os preços internacionais da carne, uma estratégia já utilizada anteriormente para melhorar suas condições de negociação.
“Já vimos a China adotar esse tipo de medida antes, o que é relativamente comum. Por isso, é possível que o país esteja, mais uma vez, buscando melhores condições de negociação e aumentando seu poder de barganha”, afirma o analista.
Em dezembro do ano passado, a China iniciou uma investigação para avaliar as importações de carne bovina, em resposta a um pedido da Associação Chinesa de Agricultura Animal (CAAA), que representa o setor local.
A entidade argumentou que o aumento das importações tem impactado negativamente a indústria nacional, apontando uma relação direta entre o crescimento das compras externas e os prejuízos do setor.