Nathalia e Aline Vick, na Fazenda Estância, em Pirassununga, SP (Sebastiao Moreira/EFE)
Agência de Notícias
Publicado em 11 de outubro de 2025 às 13h36.
Última atualização em 11 de outubro de 2025 às 15h47.
As irmãs brasileiras Aline e Nathalia Vick assumiram, em 2018, as rédeas da propriedade rural de 1.100 hectares antes comandada pelo pai e a transformaram em um exemplo de como a sustentabilidade e a liderança feminina podem impulsionar a produtividade e abrir caminho para o futuro do agro.
A compreensão de que o solo é seu maior ativo foi o que motivou as duas a buscar e implementar técnicas como a rotação de culturas, o plantio direto e a utilização de culturas de cobertura, que favorecem a nutrição, protegem contra altas temperaturas e evitam a compactação e a erosão.
"Começamos em 2021 com um lote de 70 hectares, para que nossos produtores acreditassem e vissem os resultados. Hoje já são 700 hectares", disse a economista Aline, que trocou o mercado de capitais em São Paulo pelo campo, à Agência EFE.
Essas práticas aumentaram as concentrações de CO2, fósforo e cálcio, indicadores de uma melhora da fertilidade e do perfil químico do solo, e também impactaram positivamente a saúde das plantas, reduzindo o uso de insumos.
Assim, a Fazenda Estância, localizada em Pirassununga (SP), alcançou nos últimos três anos uma produtividade 25% mais alta do que a média da região, apesar das instabilidades climáticas enfrentadas, como seca ou excesso de chuvas.
Além disso, na safra 2024-2025 a média de emissões da propriedade para o cultivo de soja foi de 616,4 kg de CO2 por tonelada, 60% menor do que a média nacional, segundo a ferramenta Footprint PRO Carbono, desenvolvida pela multinacional Bayer e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Os cálculos, que consideram aspectos como a mudança no uso da terra, o plantio, os manejos, a colheita, a secagem e o transporte, também indicaram para o cultivo de milho safrinha em 2024 uma média de emissões de 751,71 kg CO2 por tonelada, 46% abaixo da média brasileira.
Quanto menor a pegada, maior a produtividade de cada lote. Com isso, além de mostrar os resultados do trabalho feito, esses dados orientam novas ações para reduzir impactos e aumentar a eficiência.
Para isso, Aline considerou fundamental a implementação de novas tecnologias, incluindo a inteligência artificial, que facilitam processos de monitoramento e a gestão de recursos.
Nesse sentido, as irmãs contam desde 2021 com o apoio da Bayer, através do programa PRO Carbono, que fornece soluções tecnológicas para o aumento da produtividade e da longevidade dos cultivos, e para a redução de emissões.
Em 2024, a fazenda, que se dedica também ao cultivo de sorgo, mandioca e cana-de-açúcar, passou a fazer parte do Forward Farming.
Com uma rede de mais de 20 fazendas em 14 países, o projeto da Bayer busca mostrar, a partir das experiências destes produtores, a importância de escalar a agricultura regenerativa para o futuro do agro.
Nesse sentido, a especialista em sustentabilidade da divisão agrícola da Bayer, Priscila Araujo, afirmou em entrevista à EFE que "somar mais mulheres pode acelerar a transição para uma agricultura mais sustentável".
Para ela, a avidez por conhecimento e por estar à frente que as irmãs Vick demonstram são características femininas que também motivam outros produtores.
"Em geral, as mulheres têm um pouco mais de carinho e zelo, e, dentro deste processo, hoje estão muito comprometidas com os temas de sustentabilidade e agricultura regenerativa", agregou.
Nathalia, por sua vez, acrescentou que, apesar da presença masculina ainda predominante no setor, vê mais mulheres à frente de iniciativas sustentáveis.
"Nós temos uma visão muito mais ampla tanto no social, com uma melhor gestão da fazenda, como na sustentabilidade", concluiu.