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Café brasileiro perde espaço nos EUA em meio ao tarifaço — e Colômbia aproveita vantagem tarifária

Com a dificuldade enfrentada pelo Brasil devido às altas tarifas, a Colômbia viu uma oportunidade de expandir suas exportações

Fundo de grãos de café. Grãos de café marrons caídos.
 (Freepik)

Fundo de grãos de café. Grãos de café marrons caídos. (Freepik)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 10 de setembro de 2025 às 11h02.

As tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros impactaram as exportações do café no Brasil, resultando em uma queda de 46% nas vendas para o país em agosto, em comparação com o mesmo período de 2024, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Mas, para a Colômbia, essa pode ser uma boa notícia.

Em agosto, as vendas colombianas de café para os EUA cresceram 10% ante o mesmo mês de 2024, totalizando 1,13 milhão de sacas de 60 kg, de acordo com dados da Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia (FNC).

Com a dificuldade enfrentada pelo Brasil, em função da sobretaxa, a Colômbia viu uma oportunidade de expandir suas exportações.

O aumento se deve não apenas à recuperação da produção, mas também à vantagem tarifária que o país latino-americano possui: enquanto o café brasileiro paga 50% de tarifa para entrar no mercado americano, o café colombiano enfrenta uma tarifa de 10%.

No ano passado, os EUA representaram 16,1% de todas as exportações de café do Brasil, correspondendo, em termos de receita, a cerca de US$ 2 bilhões.

Com a taxação de Trump, países como Vietnã e Colômbia, que ocupam o segundo e o terceiro lugar, respectivamente, na produção global, não têm capacidade para oferecer uma quantidade significativa de café aos EUA, que têm uma demanda anual de 24 milhões de sacas. No caso do Vietnã, a produção é majoritariamente do tipo canéfora.

Setor de café e o tarifaço

Nesta terça-feira, 9, Márcio Ferreira, presidente do Cecafé afirmou que reexportar grãos de café brasileiros por meio de terceiros países não é uma alternativa viável para contornar as tarifas de importação dos EUA.

"Não vemos essa possibilidade (de reexportar), isso é algo que já vem sendo discutido desde o início", disse Ferreira durante coletiva.

Desde o anúncio da sobretaxa de Trump, o setor de café brasileiro tem se organizado para tentar derrubar a medida. Na semana passada, a indústria apresentou uma série de argumentos durante uma audiência na United States Trade Representative (USTR), o escritório de Comércio dos EUA ligado à Casa Branca, para reverter a tarifa imposta pelo presidente americano.

Entre os pontos apresentados estavam os impactos econômicos do café brasileiro na indústria norte-americana, já que o grão é torrado nos Estados Unidos. Também foram apresentados estudos científicos destacando os benefícios do café para a saúde dos consumidores americanos.

Além de apresentar a lista de argumentos, o setor de café brasileiro tem atuado em outras frentes. Uma delas é aumentar a presença do Cecafé em Washington, D.C.

Para isso, a entidade tem dialogado com um ex-membro do primeiro governo Trump. A ideia é "construir pontes" com entidades, políticos e o setor produtivo dos EUA, com o objetivo de demonstrar a preocupação do setor com a sobretaxa e seus possíveis impactos sobre a inflação norte-americana.

O Cecafé deve ter um representante nos EUA, que será definido nas próximas semanas, e que atuará como interlocutor entre o setor e as demandas dos EUA.

Além de ser o maior produtor mundial de café, o Brasil responde por 30% do market share de café nos EUA, segundo dados do Departamento de Estatísticas dos EUA, o que o posiciona como principal fornecedor do grão para o país, especialmente do tipo arábica. Em 2024, 83% do café desembarcado nos EUA era arábica.

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