Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, durante o agro em pauta da EXAME: 'Brasil está se posicionando como um importante produtor de sorgo' (Agro em Pauta/Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 23 de outubro de 2025 às 11h43.
Última atualização em 23 de outubro de 2025 às 12h18.
O Brasil deve habilitar em breve as primeiras plantas para exportar sorgo à China. Segundo Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), após a abertura do mercado chinês em novembro do ano passado, alguns procedimentos estão em fase final.
“O sorgo é uma cultura que pode ser utilizada em situações de estresse hídrico e dificuldades na janela de plantio, por ser uma planta mais resistente. Estamos trabalhando para que as unidades de processamento sejam habilitadas e espero que, em breve — muito em breve —, as primeiras plantas estejam aptas a exportar”, disse Rua em entrevista ao Agro em Pauta, da EXAME, nesta quarta-feira, 23.
Em setembro de 2025, Brasil e China firmaram um acordo de pré-listing para a habilitação de exportadores de sorgo. Esse modelo dispensa a avaliação final das autoridades chinesas, permitindo que a habilitação sanitária das indústrias seja feita pelo Mapa, segundo as exigências do país importador. Assim, as empresas registradas no sistema de inspeção sanitária brasileiro e que cumprirem os requisitos chineses poderão exportar o grão para a China.
No mesmo mês, representantes da Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) realizaram uma auditoria na produção de sorgo brasileira, visitando propriedades rurais, cooperativas e armazéns em Goiás e Minas Gerais para avaliar as práticas sanitárias e de sustentabilidade da produção.
“Basicamente, 83% das compras mundiais de sorgo são feitas pela China, e metade do que o país importa vem dos Estados Unidos. O Brasil está se posicionando como um importante produtor de sorgo”, afirmou Rua.
Historicamente, os Estados Unidos são o principal fornecedor de sorgo para a China. O país asiático consome cerca de 7 milhões de toneladas do grão por ano, sendo metade proveniente dos EUA — o maior produtor mundial, com 10 milhões de toneladas anuais. O Brasil, com 5,5 milhões de toneladas, ocupa a segunda posição no ranking global.
No entanto, diante da guerra comercial entre China e Estados Unidos, o país asiático ainda não retomou a compra do grão americano. Em 2025, as exportações de sorgo dos EUA para a China caíram 97% em relação ao ano anterior, segundo dados da American Farm Bureau Federation (AFBF).
A China importa sorgo para a produção de ração animal e de bebidas tradicionais. Já o Brasil exporta cerca de 100 mil toneladas de sorgo por ano.
Segundo Luis Rua, a relação comercial entre Brasil e China se fortaleceu ainda mais em 2025. Até o momento, as exportações do agronegócio brasileiro para o país asiático cresceram 0,7%.
"A China tem sido um parceiro fundamental para o Brasil. Não à toa, 34% das exportações do agro brasileiro têm como destino o mercado chinês", afirmou.
O secretário destacou que, desde o ano passado, foram abertos 11 novos mercados na China, incluindo frutas, gergelim e sorgo.
"Estamos na iminência de obter as primeiras habilitações para o sorgo, cujo mercado foi aberto no ano passado. Neste ano, também abrimos o de DDG [coproduto do milho]. Seguimos trabalhando para que os primeiros estabelecimentos sejam habilitados e temos mantido uma parceria muito próxima com a China", disse.