EXAME Agro

Comércio asiático avança enquanto setor agrícola dos EUA enfrenta retração

OMC estima crescimento de 2,4% em 2025, com comércio Sul-Sul, avançando 8% no primeiro semestre enquanto China diversifica mercados e compensa 80% das perdas nos EUA com expansão na Ásia, Europa e África

Reorganização do comércio global favorece economias emergentes da Ásia enquanto tarifas americanas pressionam setor agrícola e aumentam custos de produção nos Estados Unidos (Thomas Barwick/Getty Images)

Reorganização do comércio global favorece economias emergentes da Ásia enquanto tarifas americanas pressionam setor agrícola e aumentam custos de produção nos Estados Unidos (Thomas Barwick/Getty Images)

China2Brazil
China2Brazil

Agência

Publicado em 10 de outubro de 2025 às 19h07.

O comércio mundial manteve-se instável em 2025, sob o impacto das tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos e do aumento das tensões geopolíticas. Mesmo nesse contexto, a estrutura econômica global passa por uma reorganização que vem favorecendo a China e outras economias emergentes da Ásia, segundo veículos internacionais.

De acordo com o jornal Le Figaro, citando dados recentes da Organização Mundial do Comércio (OMC), o desempenho do comércio global superou as previsões.

A OMC estima que o crescimento do setor alcance 2,4% neste ano, quase o triplo da projeção feita no meio de 2025.

O comércio entre países em desenvolvimento, o chamado “comércio Sul-Sul”, cresceu 8% no primeiro semestre, acima da média global de 6%. A Ásia respondeu pela maior parte dessa expansão e consolidou-se como principal motor das cadeias globais de suprimentos.

Exportações chinesas para África sobem 34%

O relatório destaca ainda que a China manteve ritmo de expansão ao diversificar mercados. As empresas do país compensaram 80% das perdas no mercado norte-americano com exportações para a Ásia, Europa e países do Sul Global.

Entre abril e julho, as exportações chinesas para a África aumentaram 34% em relação ao mesmo período de 2024. O comércio agrícola com o Brasil também avançou, e o superávit comercial chinês deve ultrapassar US$1,2 trilhão em 2025, o maior já registrado.

Essa reorganização permitiu à China sustentar o volume de exportações e ampliar sua presença econômica entre países emergentes, enquanto o comércio na América do Norte segue em retração.

Tarifas elevam custos em 40% nos EUA

Nos Estados Unidos, o governo tenta conter os efeitos da guerra comercial sobre o setor agrícola. A administração de Donald Trump tem oferecido subsídios aos produtores de soja, um dos segmentos mais afetados pela queda nas exportações.

A China, principal compradora da soja americana, reduziu drasticamente suas importações devido às incertezas do mercado.

Segundo a Reuters, embora muitos agricultores mantenham apoio político a Trump, o grupo pressiona por medidas concretas para compensar as perdas. O governo prometeu usar parte da arrecadação tarifária para financiar o setor, mas enfrenta limitações legais e orçamentárias, já que os pagamentos diretos não podem ultrapassar US$350 milhões. Além disso, a paralisação do governo federal impede a liberação de novos repasses sem aprovação do Congresso.

Em 2018, no primeiro mandato de Trump, o governo destinou mais de US$23 bilhões em ajuda emergencial a fazendeiros afetados pela guerra comercial. O cenário atual, porém, é mais restritivo.

Empresários americanos afirmam que as tarifas aumentaram os custos de produção e provocaram demissões. O cervejeiro Justin Turbeest, de Wisconsin, disse à BBC que os preços de insumos subiram 40%, o que o levou a demitir 20 funcionários e encerrar as atividades da sua cervejaria. Ele criticou os subsídios agrícolas, classificando-os como “uma manobra política”.

Com a redução das importações chinesas e a migração da demanda para fornecedores como Brasil e Argentina, o setor agropecuário dos Estados Unidos enfrenta queda de preços e aumento nos custos de fertilizantes e equipamentos.

A combinação desses fatores pressiona a competitividade e reforça o impacto das tarifas sobre a economia doméstica americana.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEstados Unidos (EUA)Agronegócio

Mais de EXAME Agro

Governo deve decidir só em 2026 sobre tilápia como espécie invasora

Etanol dos EUA poderá entrar no RenovaBio, diz secretária Tatiana Prazeres

Atraso no plantio da soja preocupa produtores sobre milho de 2ª safra

EUA registram segunda morte do ano ligada à gripe aviária