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Exportação de carne bovina do Brasil para EUA deve continuar em queda em setembro, diz Abiec

Segundo Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), exportações para os EUA devem cair para cerca de sete mil toneladas métricas em setembro

Publicado em 18 de setembro de 2025 às 08h20.

As exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos devem continuar a cair em setembro, seguindo a tendência observada nos meses anteriores, ainda sob efeito do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Segundo Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a associação que representa os produtores de carne bovina, as exportações para os EUA devem cair para cerca de sete mil toneladas métricas em setembro, comparadas a aproximadamente nove mil toneladas em agosto, e 30 mil toneladas por mês antes da imposição das tarifas.

"O fato de perdermos nosso segundo maior mercado faz uma diferença", afirmou Perosa durante um evento da consultoria Datagro, segundo a Reuters. "Mas, surpreendentemente, mesmo com a tarifa de 76,4%, ainda há exportações para os EUA devido à competitividade que conseguimos alcançar."

Consequência das tarifas

A redução nas exportações é consequência das tarifas de Trump, que afetaram diversos produtos brasileiros, incluindo a carne bovina.

A nova taxa de 50% sobre as importações de carne brasileira, juntamente com a taxa de 26,4% já existente sobre os produtos fora da cota estabelecida, fez com que o mercado americano perdesse seu status de segundo maior comprador de carne bovina brasileira, com o México assumindo essa posição no mês passado.

Preço do bife sobe nos EUA

As tarifas não têm efeito somente no Brasil.

Segundo os dados mais recentes do Bureau of Labor Statistics (BLS), o preço da carne bovina e do café registrou as maiores altas do mês entre os alimentos, puxando para cima o índice de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que avançou 0,4% no mês — a maior alta mensal desde janeiro.

O café torrado subiu 21,7% em relação a agosto de 2024, enquanto o preço do bife cru teve aumento de 16,6%. Na comparação mensal, as carnes bovinas aumentaram 2,7% e os preços do café avançaram 3,6%, mantendo uma trajetória de aceleração de preços que já dura meses.

Outros itens essenciais também pesaram mais no bolso do consumidor norte-americano: ovos subiram 10,9% em relação ao ano anterior; maçãs, 9,6%; e bacon, 7,2%. O subíndice de alimentos consumidos em casa subiu 0,6% no mês, no maior salto mensal desde agosto de 2022.

Tarifas de Trump elevam custos dos alimentos importados

Boa parte da pressão sobre os preços vem das tarifas comerciais impostas pelo governo de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. As tarifas foram implementadas como parte de uma agenda de proteção à indústria nacional, mas acabaram elevando os preços ao consumidor em setores estratégicos, como alimentos, veículos e eletrodomésticos.

Produtos importados de países fora do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), como Brasil e União Europeia, foram especialmente afetados. Entre eles, alimentos como café, frutas, vegetais e fertilizantes. As bananas, por exemplo, subiram 6,6% em um ano, impulsionadas por tarifas sobre importações da América do Sul.

“As tarifas sobre produtos agrícolas importados não ajudam a produção nacional, apenas encarecem a vida do consumidor”, disse Gregory Daco, economista-chefe da EY-Parthenon, ao Barron's. Os EUA importam mais produtos agrícolas do que exportam, o que torna o país altamente exposto a aumentos tarifários.

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