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Exportações de carne brasileira para os EUA quintuplicam após tarifas de Trump

Com alta de 498% em abril, Estados Unidos surpreendem e ultrapassam tradicionais mercados na importação da proteína nacional

Publicado em 9 de maio de 2025 às 06h21.

Última atualização em 9 de maio de 2025 às 07h33.

As exportações brasileiras de carne bovina para os Estados Unidos cresceram quase 500% em abril de 2025 na comparação com o mesmo mês de 2024. O país importou 47,8 mil toneladas do produto, o que o consolidou como o segundo principal destino da proteína nacional, atrás apenas da China.

O desempenho foi considerado uma “grande surpresa” pelo setor, segundo Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC).

A alta expressiva ocorreu no mesmo mês em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas tarifas sobre importações.

Ainda assim, os embarques totais de carne bovina do Brasil alcançaram 273,4 mil toneladas, com receita de US$ 1,33 bilhão em abril. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC) e foram compilados pela ABIEC. O crescimento mensal foi de 13,1% em valor e 10,2% em volume frente a março. Na comparação anual, o avanço foi de 27,6% na receita e 15,3% no volume exportado.

A carne in natura respondeu por 88,4% do total exportado e por 91,3% da receita gerada. Houve também alta de 199,4% nas exportações de gordura bovina, além de aumentos em carnes industrializadas (+11,5%), miúdos (+11,8%) e produtos salgados (+62,2%), reforçando a diversificação da pauta exportadora.

A China manteve a liderança no ranking, com 107,8 mil toneladas e US$ 530 milhões em receita no mês, o equivalente a 39,4% das exportações. Outros mercados importantes foram México, Hong Kong, Chile, Egito, Rússia, União Europeia, Filipinas e Arábia Saudita — juntos, os dez maiores destinos responderam por mais de 81% dos embarques.

Exportações no ano ultrapassam US$ 4,5 bilhões

De janeiro a abril, o Brasil exportou 949,9 mil toneladas de carne bovina, aumento de 13,5% frente ao mesmo período de 2024. A receita somou US$ 4,55 bilhões, crescimento de 23,7%. A China segue no topo, com 392,3 mil toneladas e US$ 1,89 bilhão, equivalente a 41,3% do volume total exportado.

Os Estados Unidos, que quintuplicaram suas compras no quadrimestre, chegaram a 135,8 mil toneladas — representando 14,3% das exportações totais do Brasil no ano.

Também figuram entre os maiores compradores: Chile (39.819 t), Hong Kong (33.711 t), União Europeia (29.777 t), Egito (27.421 t), Rússia (27.397 t), Argélia (24.985 t), México (24.313 t) e Arábia Saudita (20.909 t).

Para a ABIEC, o desempenho reflete o esforço conjunto da cadeia pecuária e a reputação internacional da carne brasileira. Embora apenas 30% da produção seja destinada à exportação, o setor representa uma das principais fontes de divisas do país e garante o aproveitamento integral da carcaça, atendendo a diferentes perfis de consumo global, diz a ABIEC.

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