Redação Exame
Publicado em 18 de maio de 2025 às 10h44.
Última atualização em 18 de maio de 2025 às 10h53.
O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango e terceiro maior produtor global, vem enfrentando desde sexta-feira um desafio: ganhar a confiança dos mercados consumidores novamente. A confirmação do primeiro foco de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial no município de Montenegro (RS) levou à suspensão imediata das exportações de produtos avícolas da região e desencadeou uma reação em cadeia no mercado internacional.
Diversos países anunciaram a suspensão total ou parcial das compras de carne de frango brasileira:
Maior exportador de carne de frango do mundo, o Brasil vendeu 5,2 milhões de toneladas do produto, em diferentes formatos, para 151 países, auferindo receitas de US$ 9,9 bilhões. Mais de 35,3% de toda a carne de frango produzida no Brasil é destinada ao mercado externo. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul concentram 78% dessas exportações. Os principais destinos foram:
A suspensão das exportações pode gerar perdas mensais de até 20% no volume embarcado, segundo estimativas do setor.
O Ministério da Agricultura determinou o abate sanitário das aves da granja afetada e intensificou a vigilância em um raio de 10 km ao redor do foco.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) alertou que o caso marca uma nova fase da presença do vírus no Brasil, que até então se restringia a aves silvestres e criações domésticas
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) esclarece que os ovos para incubação, fornecidos pela granja com o foco da influenza aviária de alta patogenicidade, gripe aviária, em Montenegro, já foram rastreados quanto aos seus destinos.
São incubatórios localizados em Minas Gerais, Paraná e no próprio Rio Grande do Sul.
O Mapa já orientou a adoção das medidas de saneamento definidas no plano de contingência para influenza aviária e doença de Newcastle, que prevê a destruição desses ovos de maneira a mitigar qualquer risco.
A retomada das exportações dependerá da capacidade do Brasil de demonstrar controle sanitário e transparência nas ações. A regionalização das restrições, já adotada por países como Japão e Arábia Saudita, pode mitigar os impactos mais severos. Cada país adota uma política diferente em situações de crise como essa. Alguns optam por suspender as compras do país inteiro, como fizeram Argentina e Uruguai. Outros preferem cancelar pedidos da região afetada, como foi a escolha do Japão.