Gripe aviária: investigações ocorrem atualmente em Santa Catarina, Tocantins, Sergipe, Pernambuco e Mato Grosso. Dois casos suspeitos foram identificados em granjas comerciais: em Ipumirim (SC) e em Aguiarnópolis (TO), diz Ministério da Agricultura. (Zhao Yuguo/VCG/Getty Images)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 19 de maio de 2025 às 13h05.
Última atualização em 19 de maio de 2025 às 16h00.
Além da confirmação de um caso de gripe aviária na cidade de Montenegro, no Rio Grande do Sul, mais seis casos suspeitos estão sob investigação das autoridades sanitárias, informou nesta segunda-feira, 19, o Serviço Veterinário Oficial, vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Segundo a pasta, as investigações ocorrem atualmente em Santa Catarina, Tocantins, Sergipe, Pernambuco e Mato Grosso. Mais um caso foi confirmado em um zoológico de Sapucaia do Sul, também no Rio Grande do Sul.
Dois casos suspeitos foram identificados em granjas comerciais: em Ipumirim (SC) e em Aguiarnópolis (TO).
Desde a confirmação do foco da doença em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, no fim da semana passada, 10 países suspenderam as compras de carne de frango brasileira.
Alguns limitaram as restrições ao estado, enquanto outros, como China e União Europeia, suspenderam as importações de todo o Brasil.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta segunda-feira que o Brasil pode retomar o status de país livre de gripe aviária e, consequentemente, reiniciar as exportações de carne de frango, caso não seja registrado nenhum novo caso da doença durante um período de 28 dias.
“Se, em 28 dias, não houver nenhum outro caso, poderemos, com tranquilidade e baseados na ciência, informar ao mercado e aos compradores que o Brasil volta a ser considerado livre de gripe aviária”, disse o ministro.
No sábado, 17, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) afirmou que o primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil marca uma nova etapa na presença do vírus no país.
Até então, a doença havia sido registrada no território brasileiro apenas em aves silvestres e de criação caseira. A FAO ressaltou, porém, que o consumo de frango e ovos continua seguro.
Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), disse à EXAME nesta segunda-feira ainda ser "difícil dizer quanto tempo durará" a crise sanitária no país. Segundo ele, a pasta tem atuado de 'maneira diligente' para resolver a situação.
O cálculo preliminar do governo indica que o Brasil pode deixar de exportar entre 50 mil e 100 mil toneladas de carne de frango por mês. Considerando um valor médio de US$ 2 mil por tonelada, o impacto pode alcançar até US$ 200 milhões mensais.
O secretário informou que, ao longo do fim de semana, o Mapa e seus adidos agrícolas — funcionários que representam o ministério em embaixadas e consulados — enviaram informações adicionais aos países importadores para reforçar a transparência do Brasil na condução do caso. “A medida reforça a confiança no sistema sanitário do Brasil”, afirmou Rua.
A gripe aviária é uma doença infecciosa. Ela é causada pelo vírus influenza A. Essa doença afeta aves, tanto as domésticas quanto as silvestres.
O vírus se espalha por contato direto ou indireto com secreções respiratórias, fezes e fluidos de aves doentes. Isso pode levar a sintomas respiratórios, hemorragias e problemas nervosos. A mortalidade nas aves é alta, e a produção de ovos cai.
Em raras ocasiões, o vírus pode infectar mamíferos, como os humanos. Isso geralmente acontece por contato direto com aves contaminadas.
Não. O vírus da gripe aviária infecta principalmente aves aquáticas silvestres, como patos e gansos, que são reservatórios naturais, mas também pode infectar galinhas, perus e outras aves domésticas.
Em alguns casos, mamíferos como gatos, cães e até humanos podem ser infectados.
Galinha espirra? 5 dúvidas inusitadas sobre a gripe aviáriaSegundo especialistas e autoridades sanitárias, não há risco de transmissão da gripe aviária pelo consumo de carne de frango ou ovos, desde que estejam devidamente cozidos.
O vírus da influenza aviária é muito sensível ao calor e é destruído durante o cozimento, em qualquer preparo que utilize fogo. Portanto, alimentos de origem aviária preparados adequadamente são seguros para consumo.
Além disso, órgãos internacionais como o Ministério da Agricultura, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) reforçam que não existem registros de transmissão da gripe aviária a partir do consumo de frango ou ovos cozidos.