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Grupo mineiro capta R$ 350 milhões para ampliar produção de biológicos

Empresa pretende usar os recursos para reforçar o capital de giro e reperfilamento da dívida — e faturar R$ 1 bilhão neste ano

Ubyagro: recursos serão destinados ao reforço do capital de giro e à continuidade da estratégia de expansão da companhia (GRUPO UBYAGRO/Divulgação)

Ubyagro: recursos serão destinados ao reforço do capital de giro e à continuidade da estratégia de expansão da companhia (GRUPO UBYAGRO/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 3 de julho de 2025 às 06h05.

Última atualização em 3 de julho de 2025 às 09h57.

O grupo mineiro Ubyagro, que atua nos segmentos de insumos agrícolas, logística e crédito rural, captou R$ 350 milhões por meio de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

A captação foi realizada de forma sindicalizada e pública, tornando-se acessível também a investidores pessoas físicas. Nesse tipo de emissão, o levantamento de recursos pela empresa envolve a participação de diversas instituições financeiras.

Segundo Fred Mamede, CFO da Ubyagro, os recursos serão destinados ao reforço do capital de giro e ao reperfilamento da dívida.

"Em um cenário complexo como o de 2025, conseguimos demonstrar que empresas com estratégia robusta e sólida saúde financeira ainda encontram demanda no mercado de capitais", afirma Mamede. O montante também será utilizado para reperfilamento da dívida.

A empresa deve concluir ainda este ano a construção de uma nova planta de defensivos biológicos, iniciada no Triângulo Mineiro, com um investimento de R$ 100 milhões.

“Essa fábrica permitirá ampliar a oferta de soluções sustentáveis e impulsionar o desenvolvimento econômico local”, afirma o CFO.

A expectativa é de que a fábrica entre em operação, em escala comercial, até o final de 2025, estando apenas aguardando a liberação das licenças necessárias para iniciar as operações. A planta terá capacidade para produzir 8 mil toneladas por ano de defensivos.

O primeiro bilhão

O grupo Ubyagro possui três empresas em seu portfólio: Ubyfol, que produz fertilizantes especiais; Vitales, especializada em insumos biológicos; e Bauminas Agro, adquirida em setembro de 2024, que atua nos segmentos de nutrição animal e vegetal, além da produção de matérias-primas minerais para a fabricação de adubos.

A aquisição, realizada no ano passado, não teve o valor divulgado, mas fez o grupo Ubyagro se aproximar de um faturamento de R$ 1 bilhão.

Em 2024, a receita total do grupo alcançou cerca de R$ 900 milhões, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior. Para 2025, o objetivo é atingir — de vez — a marca de R$ 1 bilhão.

Uma das principais apostas do Ubyagro está no setor de biológicos. O mercado global de bioinsumos agrícolas deve atingir aproximadamente US$ 45 bilhões (algo como R$ 250 bilhões) até 2032, caso mantenha uma taxa de crescimento anual de 13% a 14%, segundo estudo da Croplife Brasil.

Mamede destaca que os biológicos são um mercado em expansão com margens atrativas, mas ressalta que a empresa não os vê como a única solução, e sim como uma estratégia complementar ao seu portfólio.

"Estamos posicionados para atender à demanda crescente por soluções especializadas, como os biológicos, especialmente com cooperativas e revendas expandindo sua participação nesse segmento", afirma.

O executivo também afirma que a empresa não foi pega de surpresa pelas flutuações do mercado agropecuário, nem pelas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ou pela escalada do conflito entre Israel e Irã, este último um importante produtor de fertilizantes.

"Embora as tensões geopolíticas possam impactar os custos de frete, nos antecipamos com a compra de matéria-prima para o ano, garantindo maior controle sobre nossos custos", afirma.

Para o próximo ano, a empresa descarta novas aquisições.

"Estamos trabalhando para garantir liquidez e manter acesso a bons fornecedores, sem pressa para novas aquisições no curto prazo. O objetivo é finalizar a construção da fábrica da Vitalis e consolidar as sinergias com a Bauminas", conclui Mamede.

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