Inadimplência no agro: o recorte por porte mostrou que os Grandes Proprietários tiveram o maior percentual de inadimplência no período analisado, marcando 10,7%, superando a média nacional (Freepik/Freepik)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 1 de julho de 2025 às 05h05.
A inadimplência no agronegócio brasileiro registrou alta anual de 0,9 ponto percentual e atingiu 7,9% da população rural no primeiro trimestre de 2025. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 1º, pela Serasa Experian.
Segundo a datatech, em comparação com o trimestre anterior, o avanço foi de 0,3 ponto percentual. Para Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa, o aumento indica uma estabilidade no setor.
“Essa flutuação já era esperada. De certa forma, podemos ver esse fato com bons olhos, pois ele comprova a resiliência de toda a cadeia agro, que, mesmo com desafios de custos e perdas de receita, segue, em sua maioria, honrando compromissos”, afirma Pimenta.
O recorte por porte mostrou que os Grandes Proprietários tiveram o maior percentual de inadimplência no período analisado, marcando 10,7%, superando a média nacional.
Além deles, aqueles sem Registro de Cadastro Rural, ou seja, arrendatários ou participantes de grupos econômicos/familiares, também se destacaram, com 9,5%. Em seguida, vieram os médios proprietários, com 7,8% de inadimplência, e os pequenos proprietários, com 7,2%.
“O destaque para os grandes proprietários reflete uma questão de comportamento, pois são perfis que costumam assumir volumes maiores de financiamentos, aumentando a exposição a possíveis riscos e oscilações econômicas de mercado”, diz Pimenta.
Segundo ele, mesmo com a expectativa de um Plano Safra 25/26 recorde para a nova temporada, que começa nesta terça-feira e vai até 30 de junho de 2026, a projeção é de que os recursos serão insuficientes.
"Não vai cobrir a necessidade de custeio existente. Mesmo assim, ele vai ser 100% consumido, porque para a maioria dos produtores é a opção mais barata que tem, a não ser aqueles que têm recursos próprios para investir", diz.
Ele ainda explicou que, em função do custo elevado do dinheiro e à capacidade de pagamento comprometida dos produtores, "os credores vão fazer uma análise mais rigorosa e pedir mais garantias reais para poder fazer a concessão".
Segundo a Serasa, a Região Norte liderou com 11,5% da população rural inadimplente, seguida pelo Nordeste com 9,4%.
O Centro-Oeste, uma das principais regiões produtoras do país, teve uma inadimplência de 8,5%, enquanto o Sudeste e Sul registraram as menores taxas, com 6,7% e 5,4%, respectivamente.
No primeiro trimestre de 2025, as unidades federativas com os maiores índices de inadimplência rural foram: Acre, com 21,2%, seguida por Roraima (12,8%), Tocantins (12,4%), Amapá (12,3%) e Alagoas (12,2%).
As instituições financeiras, responsáveis por financiar atividades no campo, registraram uma inadimplência de 7,1% no primeiro trimestre de 2025.
Esse percentual, embora elevado, ainda está abaixo da média nacional de 7,9% para a população rural, diz a Serasa.
O levantamento também revelou que o setor agropecuário e outros setores relacionados, como agroindústrias e serviços de apoio ao agronegócio, apresentaram taxas de inadimplência menores, com 0,3% e 0,1%, respectivamente.