Carne bovina: desde 2022, 435 novos mercados foram abertos
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 9 de setembro de 2025 às 06h01.
Última atualização em 9 de setembro de 2025 às 11h58.
O Japão e a Turquia devem abrir seus respectivos mercados para a carne bovina brasileira até o final do ano, afirmou Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), à EXAME.
Segundo Rua, há boas perspectivas para esses mercados, com a expectativa de que se concretizem em breve.
"É difícil prever uma data exata, mas esperamos que seja logo. Acho que até o final do ano podemos ter boas notícias de pelo menos um deles", disse.
Em janeiro, Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), afirmou à EXAME que Japão, Turquia, Coreia do Sul e Vietnã estavam em negociações com o governo brasileiro para abrir seus mercados à carne bovina nacional — juntos, esses países representam cerca de 30% da demanda global por carne bovina.
Até o momento, apenas o Vietnã anunciou a abertura de seu mercado, com a expectativa de ampliar as compras de novos produtos brasileiros.
Desde o anúncio da sobretaxa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os produtos brasileiros, o Brasil tem intensificado sua agenda de diversificação de mercados, como explica Rua.
Segundo cálculos do Mapa, desde o anúncio do tarifaço, no início de agosto, um mercado tem sido aberto por dia para o setor agropecuário.
Para o secretário, tanto o setor privado quanto o governo têm se esforçado para diversificar esses mercados. Desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022, 435 novos mercados foram abertos para o agronegócio brasileiro, afirmou Rua. Além disso, mais de 200 mercados foram ampliados.
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"Um exemplo disso é a recente abertura do mercado de São Vicente e Granadinas, um mercado pequeno, mas com grande potencial no setor de luxo, devido à presença de hotéis de alto padrão. Além disso, conseguimos abrir as Filipinas para a exportação de carne com osso e miúdos e ampliamos a exportação para a Indonésia", disse.
Nesta segunda-feira, 8, a Indonésia oficializou a habilitação de 17 frigoríficos brasileiros para exportar carne bovina ao país, o quarto mais populoso do mundo.
Com essa medida, 38 estabelecimentos brasileiros estão autorizados a atender o mercado indonésio. Em agosto, a Indonésia já havia liberado a importação de carne bovina com osso, miúdos, produtos cárneos e preparados de carne do Brasil.
A Indonésia, país de maioria muçulmana, segue a fé islâmica e aceita produtos halal. Produtos halal são aqueles que estão segundo as normas e leis islâmicas, como estabelecido pelo Alcorão e pela jurisprudência muçulmana — Esses produtos devem atender a uma série de requisitos religiosos.
O Brasil, por sua vez, é um dos maiores exportadores de proteína halal, tanto de carne bovina quanto de carne de frango.
"Essa combinação representa um potencial significativo para o Brasil, especialmente porque o país já atende a todas as exigências halal, incluindo a forma de abate e as regras específicas para o consumo do produto. Com a abertura irrestrita do mercado indonésio, o Brasil agora pode exportar também cortes com osso, essenciais para a composição da dieta local", diz Rua.
O secretário conta que já visitou cinco países nesse mês de setembro e, até o final do mês, deve visitar mais seis.
"Até o começo de outubro, a expectativa é de que esse número ultrapasse 12 ou 13 países, fora as missões realizadas por ministros, secretários adjuntos e nossa equipe técnica. Estamos sempre buscando novas oportunidades"
Segundo Luis Rua, o México é um mercado em expansão para a carne bovina brasileira. De acordo com o secretário, uma missão do Mapa e do setor privado retorna ao Brasil nesta semana, e as perspectivas são positivas.
"O número de frigoríficos brasileiros habilitados para exportar para o México pode crescer em 40%, passando de 35 para 49 plantas", afirmou Rua.
O comércio de carne bovina brasileira para o México está em forte ascensão. Em 2024, o país exportou US$ 250 milhões do produto, um avanço significativo em relação aos cerca de US$ 20 milhões registrados em 2023. A expectativa é que esse valor dobre neste ano, segundo projeções da Abiec.
Além disso, como mostrou EXAME, as autoridades mexicanas se comprometeram a abrir o mercado para farinha de bovinos e suínos. Nas contas do governo brasileiro, trata-se de um mercado de US$ 1 bilhão no México.
"O mercado mexicano de produtos de reciclagem animal é de US$ 1 bilhão. Com essa abertura, o Brasil agora começa a disputar esse mercado de US$ 1 bilhão", afirmou Jorge Viana, presidente da ApexBrasil. "No México, todos os números são grandes."
A carne brasileira se beneficiou de dois movimentos importantes. Em 2023, o Brasil conseguiu abrir o mercado de carne bovina mexicano, um passo aguardado há muito pelo setor.