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Juros, crédito restrito e supersafra: como a 3tentos planeja superar os desafios, segundo o CEO

Em entrevista ao Agro em Pauta, João Marcelo Dumoncel, conta como a companhia está preparada para lidar com um cenário complexo no agro

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 27 de maio de 2025 às 06h01.

Última atualização em 27 de maio de 2025 às 06h29.

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O cenário de juros altos, guerra comercial e a supersafra 2024/25 do Brasil não preocupa o novo CEO da 3tentos, João Marcelo Dumoncel. O executivo, que assumiu a companhia no final de abril, conhece bem a empresa.

Ao lado do irmão Luis Osório, Dumoncel é um dos fundadores da 3tentos, além de ter atuado como COO, e assume a liderança em um momento estratégico para a companhia.

“É uma reconfiguração que nos traz mais força. É uma transição bastante planejada e com muito otimismo quanto à melhoria dos resultados da empresa”, disse o novo CEO, durante participação no Agro em Pauta, da EXAME.

Na visão do executivo, mesmo diante de um cenário complexo, é essencial avaliar os desafios e oportunidades que se apresentam. Segundo ele, os juros altos são hoje o principal fardo para o agricultor. “É um cenário que pesa muito sobre o setor produtivo”, afirma.

Dumoncel também destacou que o próximo Plano Safra 2025/26, previsto para ser anunciado entre junho e julho, pode trazer um bom volume de crédito, mas com condições que ainda não serão tão competitivas para o setor. "Não é positivo esse cenário de estresse no agro, mas a 3tentos está preparada. Temos as nossas ferramentas", diz o CEO.

Supersafra brasileira de grãos

No caso da supersafra brasileira, os reflexos já podem ser sentidos. No primeiro trimestre de 2025 da companhia, o lucro líquido cresceu 23% em relação ao mesmo período de 2024, atingindo R$ 192,4 milhões. A receita subiu 30%, somando R$ 3,5 bilhões.

Mas o otimismo de Dumoncel não está apenas na supersafra de grãos. No ano passado, a 3tentos anunciou que investe em canola e sorgo como apostas para o setor de biocombustíveis.

Com investimentos de R$ 2 bilhões para a construção da usina de milho e sorgo, a previsão é que a planta comece a operar em 2026, na cidade de Porto Alegre do Norte, em Mato Grosso.

Para a produção de biodiesel a partir de canola — uma cultura de inverno, adaptada a condições climáticas mais amenas e cultivada entre janeiro/fevereiro e setembro/outubro, logo após a colheita das culturas de verão — a empresa usará a planta de Ijuí, no Rio Grande do Sul, que já produz biodiesel de soja.

"A canola compõe uma estratégia bem importante para a produção de biodiesel. Ela traz uma perspectiva bem importante de ganha-ganha. Ganha o produtor, a economia e a indústria", diz o CEO.

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