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Maranhão negocia instalação de frigorífico no estado após chegada da Inpasa

Sem fornecer detalhes, governador Carlos Brandão disse em entrevista ao Macro em Pauta da EXAME que as conversas estão adiantadas

CARLOS BRANDÃO - governador do Maranhão


Foto: Leandro Fonseca
Data: 11/03/2025 (Leandro Fonseca/Exame)

CARLOS BRANDÃO - governador do Maranhão Foto: Leandro Fonseca Data: 11/03/2025 (Leandro Fonseca/Exame)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 11 de março de 2025 às 17h26.

Após a instalação da Inpasa, empresa do setor de biocombustíveis, no Maranhão, o governador Carlos Brandão (PSB) está negociando com uma gigante do ramo alimentício a instalação de uma indústria frigorífica no estado. Sem revelar muitos detalhes, Brandão afirmou, em entrevista ao Macro em Pauta da EXAME, nesta terça-feira, 11, que as conversas estão avançadas.

"A Inpasa vai produzir etanol, óleo e DDGS, que é a ração. O DDGS representa o início de um grande sonho de agregar valor, com a produção de frango, ração, porco e até gado confinado. Não tenho dúvidas de que vamos industrializar a transição da proteína vegetal para a animal e, com isso, expandir as exportações", afirmou Brandão.

Segundo o governador, a usina de etanol de milho da Inpasa deverá processar um milhão de toneladas de milho por ano, que serão adquiridas dos produtores maranhenses, fortalecendo o agro local. Brandão destacou ainda que a companhia já se prepara para uma segunda fase de investimentos, da ordem de R$ 800 milhões.

"Isso será uma verdadeira virada de chave para o nosso estado. Vai agregar valor e gerar muitos empregos", disse o governador.

Brandão acredita que, com a chegada da Inpasa e, posteriormente, da indústria frigorífica, o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), principal via de escoamento do estado, precisará ser ampliado para aumentar a competitividade.

"Hoje, somos o porto mais próximo da Europa e dos Estados Unidos. Se utilizarmos o Canal do Panamá para transportar contêineres, estaremos a um passo da Ásia, com quatro bilhões de pessoas para alimentar. Em termos de distância, nossa economia tem uma vantagem em relação a todo o país, especialmente para a Ásia", afirma.

A ampliação do Tegram pode reduzir custos de transporte, aumentar a rentabilidade dos produtores locais e potencializar as exportações, especialmente para a Ásia e Europa. A melhoria da infraestrutura logística, diz o governador, é vista como crucial para o crescimento do agro local.

Taxa sobre exportação

Brandão também comentou a decisão do Tribunal de Justiça do Maranhão, que concedeu uma liminar favorável à Associação dos Produtores de Soja e Milho do Maranhão (Aprosoja-MA), suspendendo a cobrança de uma taxa de 1,8% sobre a exportação de grãos realizada pelo Tegram.

Segundo o governador, a cobrança da taxa pretende reverter recursos para a melhoria das estradas do estado, o que, segundo ele, deve ser visto como algo positivo para os agricultores.

"É claro que o estado vai recorrer, pois precisamos melhorar as estradas. Não há nada de errado nisso. O Piauí cobra, o Tocantins cobra, Goiás cobra, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também cobram. Todos os estados fazem esse tipo de cobrança. Estou conversando com os produtores sobre esse tema", explicou Brandão.

A Aprosoja-MA, por sua vez, argumenta que a cobrança da taxa é inconstitucional e busca impedir sua aplicação sobre a comercialização de soja, milho, milheto e sorgo produzidos, armazenados e transportados pelos seus associados.

A decisão liminar que suspendeu a cobrança foi tomada no dia 28 de fevereiro pelo juiz Osmar Gomes dos Santos, da 2ª Vara da Fazenda Pública de São Luís, que determinou que o governo estadual tenha um prazo de 15 dias para apresentar sua defesa.

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