Repórter
Publicado em 7 de novembro de 2025 às 20h29.
A ministra da Agricultura da França, Annie Genevard, declarou nesta sexta-feira, 7 de novembro, que as garantias oferecidas à França para proteger sua agricultura em um possível acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul são “insuficientes”.
A crítica foi feita após o presidente francês, Emmanuel Macron, se mostrar “bastante otimista” em relação ao pacto, durante uma visita ao Brasil, nesta quinta-feira, 6.
Annie Genevard se manifestou nas redes sociais, onde mencionou que, embora tenha ocorrido algum progresso em relação à proposta original do acordo, a qual ela considerava “inaceitável em todos os aspectos”, “as contas ainda não fecham”. Ela enfatizou que a situação não está resolvida, apesar das melhorias.
O acordo com o Mercosul, que recebeu a validação da Comissão Europeia em 3 de setembro e precisa ser aprovado pelos 27 países membros após longas negociações, facilitaria a exportação de produtos da UE, como carros, máquinas e bebidas alcoólicas, para o Mercosul (composto por Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Bolívia). Em contrapartida, os países do bloco europeu receberiam produtos sul-americanos, como carne bovina, soja, arroz e açúcar.
No entanto, Genevard reforçou que as “linhas vermelhas” da França, estabelecidas desde o início, devem ser mantidas. Isso inclui a criação de “uma cláusula de salvaguarda eficiente para suspender as negociações em caso de desestabilização do mercado”, “controles mais rigorosos nas importações para assegurar a segurança alimentar” e a garantia de que os produtos importados cumpram as “normas sanitárias e ambientais europeias”.
Para atender às exigências da França e garantir a aprovação do acordo, a Comissão Europeia, no início de setembro, pressionou pela introdução de “cláusulas de salvaguarda” para proteger o setor agrícola da UE de impactos negativos no mercado, como variações bruscas na oferta ou preços dos produtos.
No entanto, sindicatos agrícolas franceses, incluindo Genevard, consideram que essas cláusulas não são suficientes para resolver as diferenças com os produtos que não seguem as mesmas rigorosas normas ambientais e sanitárias aplicadas na União Europeia.
O presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Exploradores Agrícolas (FNSEA), o principal sindicato agrícola da França, Arnaud Rousseau, criticou duramente a postura de Macron, que, em sua visita ao Brasil para a COP30, se mostrou “bastante otimista” quanto ao acordo, mas ao mesmo tempo “vigilante”.
“Há meses, o presidente da República afirmou ao setor agrícola sua firme oposição ao acordo de livre-comércio com o Mercosul. Isso é uma total contradição. Ele está se distanciando da agricultura francesa”, disse Rousseau em comunicado.
Por fim, Rousseau fez um apelo aos membros do bloco econômico para que “se oponham de forma unânime a este acordo inaceitável” e defendam os interesses dos produtores do país. “Exigir o cumprimento das mesmas normas fora da Europa, que aplicamos aos nossos produtores, é uma condição irrenunciável”, concluiu.
(Com informações da agência EFE)