Jacarta, 24/10/2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro na Secretaria-Geral da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Foto: Ricardo Stuckert/PR (Ricardo Stuckert/PR/Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 25 de outubro de 2025 às 07h10.
Última atualização em 25 de outubro de 2025 às 14h16.
Em meio ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil, a estratégia do governo é diversificar seus mercados. Segundo Luis Rua, secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a pasta está focada em ampliar a presença em países como a Indonésia, a fim de evitar a dependência de mercados únicos.
A Indonésia, com mais de 270 milhões de habitantes, é o quarto país mais populoso do mundo e
“Abrimos 460 novos mercados e realizamos 200 ampliações da nossa presença em mercados internacionais onde já atuávamos”, afirmou Rua em entrevista à EXAME.
Ele ressaltou que a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Indonésia, acompanhada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, reforça o posicionamento estratégico do Brasil na diversificação.
Lula chegou à Indonésia na última quarta-feira, 22, para discutir oportunidades comerciais, e em seguida seguirá para a Malásia para participar da Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), que ocorrerá entre os dias 26 e 28 de outubro.
Na quinta-feira, 23, Brasil e Indonésia firmaram um acordo de cooperação em medidas sanitárias e fitossanitárias, além de questões de certificação.
O memorando de entendimento foi assinado por Fávaro e pelo chefe da Autoridade de Quarentena da Indonésia (IQA), Sahat Manaor Panggabean. Segundo o Mapa, o objetivo do é fortalecer a cooperação entre os dois países, especialmente no comércio de produtos agropecuários.
O acordo inclui a troca de informações sobre políticas sanitárias e fitossanitárias, a cooperação em processos de certificação eletrônica e inspeção pré-fronteira, além de investigações conjuntas em casos de fraude ou questões sanitárias. Também aborda ações de análise de risco, rastreabilidade, vigilância e resposta a emergências.
O acordo ainda prevê a colaboração no reconhecimento de equivalência de medidas sanitárias, capacitação técnica, intercâmbio de experiências e a realização de atividades para facilitar o comércio entre as nações.
“O Brasil já tem uma boa relação comercial com a Indonésia e busca avançar ainda mais. A abertura desse mercado, além da ampliação das exportações de café e algodão, reforça o papel do agronegócio como pilar da relação entre Brasil e Indonésia”, afirmou Fávaro.
O ministro se reuniu, ainda, com o ministro Coordenador de Assuntos Alimentares da Indonésia, Zulkifli Hasan, e com o ministro do Comércio, Budi Santoso.
As autoridades apresentaram o programa nacional de merenda escolar, para a ampliação do acesso a alimentos de qualidade para crianças em idade escolar — o Brasil quer exportar frango ao mercado indonésio com destinação a esse programa.
Em setembro, o Mapa anunciou que a Indonésia oficializou a habilitação de 17 frigoríficos brasileiros para exportar carne bovina ao país.
Com essa medida, 38 estabelecimentos brasileiros estão agora autorizados a atender o mercado indonésio, um aumento de 80% no número de frigoríficos habilitados.
Em agosto, a Indonésia já havia liberado a importação de carne bovina com osso, miúdos, produtos cárneos e preparados de carne do Brasil.
Segundo o Mapa, as novas autorizações devem ampliar tanto o volume quanto a diversidade dos embarques, reforçando a posição do Brasil como um dos principais fornecedores do Sudeste Asiático.
Luis Rua, secretário de Relações Internacionais do Mapa, destacou que o governo brasileiro já aumentou em 80% a quantidade de estabelecimentos de carne bovina habilitados para exportar para a Indonésia.
Agora, o Mapa busca realizar negociações para os setores de farinha, gergelim e pescados. "Deveremos ter novidades nos próximos dias", afirmou.
Entre janeiro e agosto de 2025, o Brasil exportou 15,4 mil toneladas de produtos para a Indonésia, gerando US$ 71,6 milhões em receita — um aumento de 258,9% em valor e 253% em volume em comparação com o mesmo período de 2024. Em todo o ano de 2024, o Brasil havia exportado apenas 2,6 mil toneladas, gerando US$ 11,5 milhões.