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Organização dos EUA pede bloqueio do café brasileiro após denúncia de trabalho forçado; entenda

Segundo o jornal ‘The New York Times’, a petição cita empresas globais como Starbucks, Nestlé e Dunkin' como envolvidas indiretamente nesse contexto

Exportação de café: mesmo com a taxação, os Estados Unidos continuam sendo o maior comprador do café brasileiro no acumulado do ano (janeiro a setembro), diz Cecafé (Gerado por IA/Freepik)

Exportação de café: mesmo com a taxação, os Estados Unidos continuam sendo o maior comprador do café brasileiro no acumulado do ano (janeiro a setembro), diz Cecafé (Gerado por IA/Freepik)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 25 de abril de 2025 às 11h39.

Última atualização em 25 de abril de 2025 às 11h44.

A organização sem fins lucrativos Coffee Watch solicitou ao governo dos Estados Unidos na quinta-feira, 24, o bloqueio das importações de café do Brasil, por suposto uso de trabalho forçado nas plantações.

Segundo o jornal The New York Times, a petição menciona empresas globais como Starbucks, Nestlé e Dunkin' como envolvidas indiretamente nesse contexto.

Além de ser o maior produtor mundial de café, o Brasil é o principal fornecedor do grão para os Estados Unidos.

Em 2024, os EUA foram o maior destino das exportações de café brasileiro, recebendo 8,131 milhões de sacas de janeiro a dezembro. O volume corresponde a 16,1% de todas as exportações de café do Brasil no período, com um crescimento de 34% em relação a 2023.

O pedido pretende interromper o comércio de café produzido por meio de escravidão moderna e tráfico humano. Se aprovado, o bloqueio pode afetar a cadeia de fornecimento de gigantes do setor, como Starbucks e Nestlé, que dependem das exportações brasileiras para abastecer o mercado americano.

Denúncia de trabalho forçado

A matéria do The New York Times também menciona que organizações de direitos humanos, como o International Rights Advocates, processaram a Starbucks por envolvimento com o tráfico de trabalhadores brasileiros. As empresas citadas não responderam aos pedidos de comentário, mas a Starbucks nega as acusações.

Segundo o artigo, atravessadores ilegais, conhecidos como "gatos", recrutam trabalhadores em comunidades rurais pobres, oferecendo falsas promessas sobre as condições de trabalho e fornecendo adiantamentos para alimentação e transporte.

No entanto, esses trabalhadores acabam se endividando e caem em uma situação de escravidão por dívida, tentando pagar suas dívidas enquanto colhem café sob condições desumanas.

Etelle Higonnet, fundadora da Coffee Watch, declarou: “Nenhum café produzido com trabalho escravo deveria entrar nos lares americanos.”

Procurado pela EXAME, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), entidade que representa o setor produtivo, afirmou que ainda não possui um posicionamento oficial sobre o assunto.

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