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PIB da soja e do biodiesel melhora no 3º trimestre, mas previsão de queda de 6% para 2024 é mantida

Projeção aponta melhora no setor no período, impulsionada pela recuperação dos preços, resultado de uma demanda interna e externa aquecida

 (Wenderson Araujo/Trilux/Sistema Senar-CNA/Reprodução)

(Wenderson Araujo/Trilux/Sistema Senar-CNA/Reprodução)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 23 de dezembro de 2024 às 15h26.

Última atualização em 23 de dezembro de 2024 às 17h53.

O Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia da soja e do biodiesel registrou melhora no 3º trimestre de 2024, segundo o levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), divulgado nesta segunda-feira, 23.

Mesmo com a recuperação, a estimativa é de que o PIB do setor alcance R$ 598,4 bilhões em 2024, representando queda de 6%, por causa da quebra da safra de soja.

Segundo Nicole Rennó, professora da Esalq/USP e pesquisadora do Cepea, a melhora registrada no terceiro trimestre foi impulsionada por uma recuperação nos preços, reflexo de uma demanda interna e externa aquecida. No entanto, ela destaca que, até agora, 2024 tem sido um ano de preços mais baixos para quase toda a cadeia, quando comparado a 2023.

As exceções são as rações e o biodiesel, que apresentam preços melhores este ano. Para o grão, as indústrias e os setores de insumos e serviços, o cenário de 2024 segue com preços inferiores aos do ano passado.

"Ao longo do ano, esse cenário foi se tornando menos desfavorável trimestre a trimestre, embora ainda ruim em termos de preço. Embora os preços ainda estejam abaixo dos níveis de 2023, houve recuperação ao longo do terceiro trimestre, o que reduziu a intensidade da queda nos preços e na renda. Essa melhora, no entanto, não foi suficiente para reverter o cenário anual", diz a pesquisadora.

Além disso, o desempenho robusto da indústria de insumos (+3,98%) e do segmento pós-porteira (+1,07%), com destaque para o biodiesel (+23,23%), ajudou a mitigar os impactos negativos. Apesar da queda projetada, a cadeia da soja e do biodiesel ainda deve alcançar o segundo maior volume de sua história.

A estimativa para o terceiro trimestre indica redução de 2,64% no número de trabalhadores da cadeia, totalizando 2,23 milhões de ocupados. Apesar dessa queda, a cadeia manteve sua relevância no mercado de trabalho, empregando 9,41% da força de trabalho do agronegócio e 2,17% da economia brasileira.

Por outro lado, o segmento de agrosserviços registrou queda de 5,24% na ocupação, enquanto os segmentos de insumos (+3,48%), primário (+1,67%) e agroindústria (+18,13%) apresentaram crescimento.

Exportações no terceiro trimestre

No terceiro trimestre de 2024, o valor das exportações da cadeia da soja e do biodiesel atingiu US$ 13,91 bilhões, registrando queda de 12,57% em relação ao mesmo período de 2023.

Apesar da redução, o volume exportado cresceu 1,36%, enquanto os preços médios de exportação recuaram 13,74%, impactados pela maior oferta global de soja e condições climáticas favoráveis em grandes produtores como Estados Unidos e Rússia.

A China manteve-se como principal destino, absorvendo 75,21% das exportações de soja, 22,97% de óleo e 46,24% do total de biodiesel, glicerol e proteína de soja. União Europeia e Sudeste Asiático também tiveram relevância, especialmente para farelo de soja e biodiesel.

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