Muito apreciado nos estados do Sul nos meses de outono e inverno, o pinhão vem conquistando outros mercados (Alex Silva / Saúde)
Agência de notícias
Publicado em 1 de julho de 2025 às 11h40.
Muito consumido na Região Sul no outono e no inverno, o pinhão vem ganhando novo status no país, alcançando até o mercado externo. Com produção nacional de cerca de 13,5 mil toneladas por ano, concentrada em Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o pinhão desperta o interesse de pesquisadores, empreendedores e novos consumidores por seu valor nutricional, potencial econômico e função ambiental.
"É uma cadeia que, apesar de ser bastante antiga, agora está sendo remodelada e começa a ficar emergente", diz Rossana Catie Godoy, pesquisadora da Embrapa Florestas, no Paraná.
Fora do Sul, a produção tem crescido na Serra da Mantiqueira, em cidades como Campos do Jordão (SP), que já começou a exportar pinhão. Em 2024, produtores locais embarcaram 6 toneladas para os EUA, e este ano já foram 12 toneladas, conta Carlos Jobson de Sá Filho, presidente da Associação dos Empreendedores Formais e Informais de Campos do Jordão (Avepi), responsável pelas vendas ao exterior.
O preço de venda na exportação equivale a R$ 12 o quilo, enquanto no mercado doméstico os produtores recebem entre R$ 4 e R$ 5 o quilo na safra atual.
"O valor está melhor do que no ano passado", diz Terezinha Fátima da Silva Rosa, que há 15 anos é catadora de pinhão na Serra da Mantiqueira, onde os coletores podem recolher as pinhas que caem dos galhos das árvores de 40 metros de altura a partir do começo de abril.
Em uma banca em Campos do Jordão, ela e a irmã, Maria Raimunda Pereira, vendem cerca de 300 latas de 10 quilos por safra, a R$ 15 o quilo.
Sá Filho, da Avepi, estima que na Serra da Mantiqueira sejam produzidas cerca de 500 toneladas por ano. Os produtores locais também têm investido no beneficiamento e na industrialização do pinhão. Fundada por Suzana Reis em 2018, a empresa O Pinhão beneficia 6 toneladas por ano, que se transformam em conserva, farinha e pinhão descascado, cozido e congelado:
"Nosso plano é ampliar a escala em 2026".
Na região, a Embrapa, em parceria com a Avon, também desenvolveu o projeto “Mulheres e a Cultura do Pinhão” — que dá capacitação para processar o alimento — e está plantando pomares de araucária baseados em mudas enxertadas, em projetos-piloto em Campos do Jordão e no Sul.
Essas áreas estão sendo avaliadas quanto a produtividade e resistência.
"As araucárias plantadas começam a produzir a partir do quarto ano, diferentemente das nativas, que produzem após 12 a 15 anos", diz Sá Filho, da Avepi.
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Rossana ressalta que as pesquisas da Embrapa viabilizam vários projetos. Uma agroindústria está sendo construída em Inácio Martins (PR), para produção da farinha, e em Delfim Moreira (MG) será instalada uma unidade de beneficiamento para pinhão cozido e congelado.
"Esses empreendimentos vão agregar valor à cadeia", afirma.