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Preço dos alimentos: o que explica a alta do tomate, batata e café no IPCA de abril

Alimentação no domicílio subiu 0,83% no mês passado

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 9 de maio de 2025 às 11h35.

Última atualização em 9 de maio de 2025 às 11h50.

A alimentação no domicílio subiu 0,83% em abril, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira, 9. A elevação foi impulsionada pelo aumento nos preços da batata-inglesa, do tomate e do café moído, que subiram 18,29%, 14,32% e 4,48%, respectivamente.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, a oferta de hortifrútis varia conforme as condições climáticas ao longo do ano. Por isso, a precificação desses produtos sofre flutuações esperadas, com maiores ou menores impactos a cada ciclo, como a batata.

"Até março os preços estavam muito baixos, até mesmo inferiores aos custos de produção. Ou seja, a atual alta é uma recuperação", diz João Paulo Bernardes, pesquisador do Cepea.

O tomate, por outro lado, enfrenta um problema mais estrutural, explica o pesquisador. Segundo ele, o preço do fruto esteve abaixo dos custos de produção entre meados de junho de 2024 e fevereiro de 2025.

Como resultado, muitos produtores enfrentaram dificuldades financeiras e se desmotivaram, o que levou a uma desaceleração no cultivo, diminuindo a oferta de tomates e elevando os preços.

"Além disso, uma parte significativa da produção da safra de verão foi comercializada entre o início (outubro/novembro) e o meio da safra, restando menos oferta entre março e maio. A produtividade também caiu a partir de fevereiro, o que contribuiu para a alta nos preços", diz o pesquisador.

Na visão de Bernardes, os preços do tomate devem continuar elevados até maio e devem começar a cair a partir de junho, com a chegada da safra de inverno.

Preços do café

Com o aumento de 4,48% nos preços do café moído em abril, o produto acumula uma alta de 80,20% na inflação dos últimos 12 meses.

A disparada nos preços da bebida está relacionada à quebra de safra tanto no Brasil quanto no Vietnã, os dois principais produtores mundiais do grão.

Desde 2021, as safras de café têm sido impactadas por fatores climáticos adversos, resultando em colheitas menores e pressão sobre os preços devido ao aumento da demanda global.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), os preços do café devem enfrentar novas altas nos próximos meses, podendo crescer até 25%.

Levantamento da entidade aponta que a indústria enfrentou um aumento de custos superior ao repassado ao consumidor e deverá transferir parte desse impacto ainda no primeiro trimestre de 2025. A alta no custo da matéria-prima foi de 224% entre 2021 e 2024.

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