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Quase 17 mil aves são abatidas no Rio Grande do Sul para controlar focos de gripe aviária no estado

Casos foram identificados em granja de Montenegro e no Zoológico de Sapucaia do Sul

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 16 de maio de 2025 às 17h56.

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O Governo do Rio Grande do Sul afirmou nesta sexta-feira, 16, que cerca de 17 mil aves foram sacrificadas em granja de Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e no Zoológico de Sapucaia do Sul. As medidas foram adotadas para controlar os casos de gripe aviária, após a confirmação da doença nesta manhã pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Em uma coletiva de imprensa, o governo gaúcho informou que a situação está sob controle, com monitoramento contínuo.

O Mapa confirmou dois focos da influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1): um em uma granja avícola de reprodução localizada em Montenegro, e outro em aves silvestres no Zoológico de Sapucaia do Sul.

Ambos os casos foram isolados seguindo os protocolos estabelecidos pelo plano nacional de contingência para evitar a propagação da doença.

Técnicos da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) explicaram que, por se tratar de uma granja destinada à reprodução, “não há risco no consumo de carne ou ovos”.

O secretário da Seapi, Edivilson Brum, ressaltou que as ações foram implementadas rapidamente após a identificação dos focos.

“A secretaria estadual e o Ministério da Agricultura foram muito céleres em tomar providências em relação aos protocolos. Nossas equipes têm experiência e capacidade técnica para efetuar o trabalho e já demonstraram competência para erradicar problemas anteriores.”

O governo também afirmou que estava preparado para a notificação da granja em Montenegro. Na coletiva, as autoridades disseram que a pasta já desenvolvia iniciativas para proteger o setor, como o Fórum de Biosseguridade Avícola, prevendo a possibilidade de ocorrência da doença devido à migração de aves, o que pode causar casos de síndrome respiratória em aves no Rio Grande do Sul nesta época.

Impacto no setor

O foco confirmado no Rio Grande do Sul é o primeiro em granja comercial no país, e pertence ao mesmo subtipo dos casos anteriores. No total, foram reportados 164 casos em aves silvestres, três em aves de subsistência, um em granja avícola e um em zoológico no Brasil.

Por conta desta situação, a China suspendeu nesta sexta-feira, as importações de carne de frango do Brasil.

Segundo o ministro Carlos Fávaro, a medida valerá por 60 dias e o Brasil está negociando com o país asiático “para avançar rapidamente, mostrando transparência e agilidade nas ações de bloqueio e higienização, a fim de retomar o comércio normal”, afirmou.

A China é o principal comprador de carne de frango do Brasil. Em 2024, o país asiático importou 562 mil toneladas da proteína brasileira, sendo 192 mil toneladas apenas até abril deste ano.

O Ministério da Agricultura também decidiu suspender, a partir desta hoje, as exportações de carnes de frango oriundas do Rio Grande do Sul. Com a medida, os embarques do produto estão proibidos para todo o mundo.

Plano de vigilância

A Secretaria da Agricultura também disse que os órgãos estaduais de fiscalização seguem um plano nacional de vigilância, com monitoramento constante dos plantéis avícolas e aves de subsistência. As inspeções no Estado foram intensificadas, especialmente nas granjas que já adotam rígidos critérios de proteção.

Além da granja afetada, também estão sendo monitoradas outras propriedades rurais em um raio de até dez quilômetros do foco, coordenando ações para atendimento simultâneo das equipes na área de observação. Também foram instaladas barreiras de desinfecção na região.

Em relação ao foco no Zoológico de Sapucaia do Sul, a secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Marjorie Kauffman, ressaltou as medidas tomadas para garantir a segurança do local.

“O Zoológico segue sem receber visitação por tempo indeterminado, com as equipes seguindo as orientações da Defesa Sanitária Animal e da Secretaria da Saúde. Também estamos fazendo outras avaliações além daquela motivada pela gripe aviária, como a da água”.

O que é a gripe aviária?

A influenza aviária, também chamada de gripe aviária, é uma doença viral altamente contagiosa que acomete principalmente aves silvestres e domésticas, mas pode infectar humanos. Os sintomas mais comuns nas aves incluem dificuldade respiratória, secreção nasal ou ocular, espirros, incoordenação motora, torcicolo, diarreia e alta mortalidade.

Todas as suspeitas de influenza aviária — que envolvem sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita em aves — devem ser imediatamente notificadas à Seapi.

Como o vírus é transmitido?

A transmissão acontece principalmente por contato direto entre aves infectadas. Isso inclui aerossóis, fezes e fluidos corporais.

Também pode ocorrer ao tocar ambientes contaminados.

No entanto, a transmissão entre humanos é extremamente rara.

Quais aves podem ser infectadas pelo vírus?

O vírus está presente em aves aquáticas silvestres, como patos e gansos.

Elas são reservatórias naturais do vírus.

Também pode ser encontrado em aves domésticas, como galinhas e perus, que são muito suscetíveis.

Quais são os riscos para a saúde humana?

Embora rara, a infecção humana pode ser grave, com sintomas respiratórios e risco de complicações.

A maior preocupação é a possibilidade de mutações que facilitem a transmissão entre humanos.

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