Boa Safra: lucro líquido apresentou queda expressiva de 53,47% em 2024. (Boa Safra/Exame)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 26 de março de 2025 às 12h24.
Última atualização em 26 de março de 2025 às 12h35.
Não caiu bem. O resultado financeiro da Boa Safra, divulgado na terça-feira, 25, após o fechamento do mercado, repercutiu negativamente entre os investidores. Na manhã desta quarta-feira, 26, as ações da empresa de sementes (SOJA3) recuavam mais de 3%, refletindo o balanço aquém do esperado para o exercício de 2024.
Segundo o CEO da companhia, Marino Colpo, a combinação de condições climáticas adversas, crédito restrito e custos elevados impactou a receita líquida da empresa, que caiu 11,43% em relação a 2023, totalizando R$ 1,841 bilhão.
O lucro líquido também apresentou queda expressiva de 53,47%, somando R$ 160,5 milhões, enquanto a margem EBITDA ajustada recuou para 9,96%, refletindo o aumento nas despesas operacionais e comerciais.
Em relatório divulgado nesta quarta-feira, o Citi classificou os resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24) como “fracos e abaixo das expectativas”.
Segundo os analistas Gabriel Barra e Pedro Gama, havia uma previsão de queda no volume de vendas, mas a expectativa era de que a companhia conseguisse resultados melhores no quatro trimestre do ano passado.
“Estimávamos que a Boa Safra pudesse ter alcançado um volume superior de vendas, o que aparentemente foi frustrado por uma postura conservadora na política de crédito.”
Por outro lado, o banco destacou um ponto positivo: em 2024, a Boa Safra aumentou a participação de outras culturas no mix de vendas, passando de 5% em 2023 para 10% no ano passado.
"Esperamos números mais fortes em 2025, apoiados pela capacidade de produção, maior área plantada com soja e potencial de alta na margem do produtor — impulsionada por fatores como câmbio favorável, produtividade elevada e preços mais altos do milho", avaliou o banco.
Diante desse cenário, o Citi manteve a recomendação de compra para as ações da Boa Safra, com preço-alvo de R$ 15,50, o que representa um potencial de valorização de 46,90%, considerando o fechamento do papel em R$ 10,55 na véspera.
Em coletiva de imprensa, o CEO afirmou que a crise que atingiu grandes revendas de insumos foi um dos fatores que pesou negativamente no resultado da companhia. Com isso, a estratégia para esse ano será apostar em pequenos e médios revendedores, "que oferecem uma boa oportunidade de crescimento."
"A questão de frear o crédito é relativa. Acredito que seremos mais exigentes em relação às garantias, o que provavelmente restringirá o crédito para as grandes revendas. A ideia é continuar com uma postura restritiva, mas com garantias", afirmou Colpo.
Além do Citi, o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) manteve a recomendação de compra das ações da companhia. Em um relatório divulgado na manhã desta quarta-feira, o banco destacou que, embora 2024 não entre para a história da empresa, cada ano-safra é independente e traz oportunidades distintas.
“A Boa Safra parece bem posicionada para aproveitar uma safra de soja promissora no Brasil”, afirmaram os analistas Thiago Duarte, Guilherme Guttilla e Gustavo Fabris.
Segundo eles, a companhia continuou expandindo sua área contratada, que alcançou 274 mil hectares, e intensificou a diversificação da base de clientes, atendendo 697 varejistas em 2024.
Esse movimento ajuda a mitigar o impacto de restrições financeiras em contas-chave[/grifar], segundo a análise dos especialistas.
Segundo o CEO da Boa Safra, a empresa tem atualmente 1.300 lojas mapeadas para a venda de sementes. A meta para 2025 é ampliar o número de lojas atendidas de 697 para 900.
Na avaliação do BTG Pactual, os fundamentos de longo prazo e o perfil de crescimento da companhia sustentam a confiança na execução de suas metas para este ano. A visão levou o banco a manter a recomendação de compra dos papéis da Boa Safra, com um preço-alvo de R$ 21.