Loja da Jah Acaí em Düsseldorf, na Alemanha: primeira unidade foi aberta em junho de 2025 (Isabela Boechat/Divulgação)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 2 de outubro de 2025 às 16h03.
Última atualização em 2 de outubro de 2025 às 16h31.
A rede brasileira de franquias Jah Açaí planeja inaugurar até cinco lojas na Europa até 2026. Com a expansão internacional, a meta é fechar 2025 com um faturamento de R$ 180 milhões, aumento de cerca de 38% em relação ao ano anterior. Em junho, a companhia abriu sua primeira unidade em Düsseldorf, na Alemanha.
Fundada em 2009 em Conselheiro Lafaiete (MG), a estratégia da empresa é expandir para mercados além do Brasil, como forma de contornar as tarifas dos Estados Unidos.
A escolha da Alemanha foi motivada pelo interesse de um empresário local que conheceu a marca em Minas Gerais. Além de Düsseldorf, a Jah Açaí também pretende abrir uma unidade em Lisboa, capital de Portugal, e está de olho em outros países da Europa, como Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Suíça.
"Já temos conversas muito avançadas, praticamente fechadas, para outras unidades, assim como aconteceu com este franqueado, que agora quer ser um desenvolvedor de área", afirma Rafael Corte, CEO da rede.
Em 2024, a produção de açaí no Brasil ultrapassou R$ 1 bilhão pela primeira vez. O crescimento foi de 19,9% em relação ao ano anterior, alcançando R$ 1,023 bilhão, segundo a pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS 2024) do IBGE.
O Pará, que responde por quase 70% da produção de açaí no Brasil, teve aumento de 0,5% na produção em 2024, somando 247,5 mil toneladas, crescimento de 3,6% em relação a 2023.
"Queremos levar para o mundo a nossa autenticidade, mostrar que o Brasil é uma potência. O Brasil tem uma cultura, alegria, potencial e, claro, a Amazônia. Esses aspectos precisam ser mais valorizados, principalmente lá fora", diz Corte.
A empresa mantém duas fábricas próprias, localizadas em Belo Horizonte e Sorocaba (SP). Nessas unidades, são produzidos todos os açaís, sorvetes e picolés da rede, com a produção centralizada para garantir padrão e escala.
Para este ano, a previsão é processar cerca de 400 mil quilos de polpa de açaí, o que gerará aproximadamente 800 mil quilos de açaí vendido, diz o CEO. "Para 2026, esperamos um crescimento de 40% a 50% nesse volume", afirma o executivo.
A nova unidade da Jah Açaí no exterior complementa as mais de 180 lojas da franquia espalhadas por 14 estados brasileiros. No Brasil, seus principais concorrentes são a Oakberry Açaí Bowls e a The Best Açaí.
Na Alemanha, a rede chega com investimentos focados no açaí, um alimento que se alinha à cultura de saúde e bem-estar no país.
Segundo Rafael Corte, o grande diferencial da Jah Açaí em relação aos concorrentes é o uso de 50% a 60% de polpa de açaí em seus produtos, enquanto outras redes utilizam apenas 20%.
"A qualidade dos nossos produtos é única, pois usamos ingredientes diferenciados e um balanceamento especial para cada um deles. Isso sempre foi um ponto central em nossa estratégia", afirma.
O processo de internacionalização está sendo feito de forma gradual, e é visto como uma oportunidade estratégica, especialmente considerando o crescente interesse global pelo açaí como superalimento.
Para construir a identidade da marca na Europa, Corte destaca a importância de chegar com humildade, entendendo o que atrai o público e ouvindo os feedbacks dos clientes estrangeiros, ainda mais em ano de COP30 no Brasil.
"Acho um absurdo que, mesmo com todo esse cuidado, o açaí ainda enfrente desinformação. Não estou falando de política, mas o governo deveria valorizar o açaí como um superalimento e utilizá-lo como um cartão de apresentação do Brasil no exterior, especialmente na COP30", finaliza.