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Senadores brasileiros nos EUA buscam isenção de tarifas para café, laranja, manga e aviões

Mercado norte-americano é responsável por 30% das exportações de café do Brasil, enquanto o suco de laranja representa 42% das vendas brasileiras

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 29 de julho de 2025 às 10h55.

Última atualização em 29 de julho de 2025 às 11h05.

Isenções para o café, suco de laranja, manga e produtos industriais foram debatidas nas conversas de senadores do Brasil durante a viagem aos Estados Unidos, para tentar levar o governo de Donald Trump a rever as tarifas de 50% contra produtos brasileiros, previstas para entrar em vigor na sexta-feira, 1º.

Segundo pessoas que acompanharam as conversas nesta segunda-feira, 28, a senadora Tereza Cristina (PP), representando a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), e outros parlamentares pediram que o café brasileiro, o suco de laranja e a manga devem ser excluídos da nova taxa.

Apesar de uma boa recepção do setor empresarial norte-americano, a percepção entre os participantes da missão brasileira nos EUA é de que Trump não deverá adiar a medida.  Assim, o grupo busca defender isenções pontuais por produtos.

"O que está em jogo é que talvez possamos conseguir algumas exceções para determinados produtos, como o café e o suco de laranja, além de alguns manufaturados, como a Embraer", diz José Pimenta, diretor de Relações Governamentais e Comércio Internacional da BMJ Consultores e Diretor Executivo do Instituto Brasileiro de Comércio, Investimento e Sustentabilidade (IBCIS). O instituto é responsável por secretariar a Frente Parlamentar de Comércio e Investimentos (Frencomex).

Para Pimenta, que acompanha a missão, os empresários norte-americanos têm plena consciência do impacto inflacionário que a tarifa pode gerar nos EUA, razão pela qual se mostraram dispostos a negociar.

"Eles sabem que essa tarifa será um grande impacto inflacionário. Não há como absorver uma tarifa de 50%, é muito forte. Eles têm uma visão clara e consciente do impacto dessa medida", afirma Pimenta.

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Nesta terça-feira, 29, os senadores brasileiros se encontrarão com parlamentares americanos dos partidos Republicano e Democrata. A reunião será a portas fechadas.

Na segunda, a missão brasileira se encontrou com empresários de diversos setores, como o agronegócio, indústria de transformação, saúde e energia. Também ocorreram encontros com líderes empresariais e representantes do Brazil-U.S. Business Council.

Uma fonte que participou dos encontros disse que o lado americano viu com bons olhos a missão parlamentar, principalmente por ser multipartidária e por ter senadores com as propostas bem alinhadas.

Peso das exportações brasileiras

Como mostrou a EXAME, no caso do café, a National Coffee Association (NCA) tem se reunido com produtores e com o governo de Donald Trump desde o anúncio da tarifa de 50%, em 9 de julho. O objetivo é retirar o café da lista de produtos que deverão ser sobretaxados.

As negociações buscam incluir o café brasileiro na lista de produtos estratégicos, classificando-o como um produto natural não disponível nos Estados Unidos, o que garantiria sua exclusão da tarifa nova.

O mercado norte-americano recebe 30% das exportações de café do Brasil, enquanto o suco de laranja enviado aos EUA representa 42% das vendas brasileiras.

Em 2024, as exportações de frutas brasileiras para os EUA totalizaram US$ 148 milhões. A manga foi o principal item da cesta, com 36 mil toneladas exportadas e uma receita de US$ 45,8 milhões, representando 14% dos embarques brasileiros no período, de acordo com dados da Associação Brasileira de Frutas (Abrafrutas).

Entre as frutas e derivados, três produtos se destacam pela alta dependência do mercado americano: mangas, uvas e frutas processadas, com destaque para o açaí. Juntos, esses três itens representam 90% das exportações brasileiras para os EUA, diz a entidade.

Para 2025, a expectativa era de que o Brasil exporte 48 mil toneladas de manga. Além dessa fruta, o Brasil também exporta uvas, melancia, melão e outras variedades. O mamão, por sua vez, é enviado por via aérea.

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