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Setor de café brasileiro espera que reunião com EUA derrube tarifas

Encontro de Vieira e Rúbio terá a presença de negociadores e foi planejado para dar continuidade às discussões sobre o tarifaço

Exportação de café: mesmo com a taxação, os Estados Unidos continuam sendo o maior comprador do café brasileiro no acumulado do ano (janeiro a outubro), diz Cecafé (Gerado por IA/Freepik)

Exportação de café: mesmo com a taxação, os Estados Unidos continuam sendo o maior comprador do café brasileiro no acumulado do ano (janeiro a outubro), diz Cecafé (Gerado por IA/Freepik)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 13 de novembro de 2025 às 18h19.

O setor brasileiro de café espera que a reunião entre Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, e Marco Rubio, secretário de Estado dos Estados Unidos, nesta quinta-feira, 13, resulte na retirada das tarifas impostas pelos EUA ao produto brasileiro.

O encontro formal terá a presença de negociadores e foi planejado para dar continuidade às discussões sobre as tarifas de 50% aplicadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aos produtos brasileiros em agosto.

"Acredito que vai reduzir, sim, porque o Brasil é o principal fornecedor de café para os EUA. O americano consome muito café, a demanda deles pela commodity é bem elevada e não existe outro país que produza grão de alta qualidade como o Brasil", afirma Antônio de Salvo, presidente do Sistema Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais).

Rubio e Vieira se encontraram brevemente na quarta-feira, 12, em Niagara-on-the-Lake, no Canadá, durante a reunião do G7, que reuniu ministros dos sete países mais desenvolvidos do mundo e outros convidados, como o Brasil.

Na ocasião, o chanceler brasileiro reforçou que o país havia enviado uma proposta de negociação ao governo americano em 4 de novembro.

Na segunda-feira, 10, Trump sinalizou que poderia retirar as tarifas sobre o café, movimento reforçado na terça-feira, 11, por Scott Bessent, secretário do Tesouro americano.

A expectativa do Conselho Nacional dos Exportadores de Café (Cecafé) também é de que Trump isente o café brasileiro da sobretaxa.

Atualmente, o grão o está na seção 3 da ordem executiva assinada pelo republicano, que inclui recursos naturais não produzidos pelos EUA, mas que depende de acordo bilateral entre os países para valer e desonerar o produto das taxas.

Segundo Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, já é possível observar cafés com blends sem o café brasileiro no mercado americano.

“Isso muda o paladar do consumidor. Se as tarifas demorarem mais a cair, pode ser difícil o Brasil recuperar sua fatia tradicional no mercado cafeeiro dos EUA, que é de aproximadamente um terço”, diz.

A tarifa de 50% imposta pelo EUA sobre o café brasileiro resultou em uma queda de 51,5% nas exportações do produto para os Estados Unidos, no período de agosto a outubro deste ano, mostram dados do Cecafé.

Exportações de café

As exportações brasileiras de café somaram 4,141 milhões de sacas de 60 kg em outubro, registrando uma queda de 20% em relação ao mesmo mês de 2024. Em contrapartida, a receita foi positiva, com crescimento de 12,6%, totalizando US$ 1,654 bilhão no comparativo anual, segundo o Cecafé.

De janeiro até outubro deste ano, o Brasil exportou 33,279 milhões de sacas de café, uma queda de 20,3% em relação aos 10 primeiros meses de 2024. No entanto, a receita cambial teve um aumento de 27,6%, saltando de US$ 9,968 bilhões para US$ 12,715 bilhões.

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