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Sheik do Catar em Indaiatuba: por que cavalos e setor de R$ 30 bilhões atraíram 'príncipe' ao Brasil

Cidade no interior de São Paulo sediará uma das etapas do Global Champions Arabians Tour, circuito internacional dedicado à valorização dos cavalos árabes

Global Champions Arabians Tour: vento reúne criadores, entusiastas e marcas de luxo em torno da cultura equestre árabe, com categorias que premiam machos e fêmeas de diferentes idades (Stefano Grasso/GCAT Ambiance/Divulgação)

Global Champions Arabians Tour: vento reúne criadores, entusiastas e marcas de luxo em torno da cultura equestre árabe, com categorias que premiam machos e fêmeas de diferentes idades (Stefano Grasso/GCAT Ambiance/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 12 de julho de 2025 às 10h03.

Última atualização em 12 de julho de 2025 às 10h04.

Neste final de semana será a primeira vez que o Sheikh Mohammed bin Nasser Al Thani, membro da família reinante do Catar, pisará em solo brasileiro. O motivo: cavalos e um setor que movimenta R$ 30 bilhões anualmente.

Será em Indaiatuba, cidade a 103 km de São Paulo, que acontecerá uma das etapas do Global Champions Arabians Tour (GCAT), circuito internacional dedicado à valorização dos cavalos árabes, evento do qual Al Thani é o diretor-executivo.

Realizado em cidades como Cannes, Miami Beach e Doha, o evento reúne criadores, entusiastas e marcas de luxo em torno da cultura equestre árabe, com categorias que premiam machos e fêmeas de diferentes idades.

"O Brasil representa um ponto de encontro entre cultura, natureza e excelência esportiva, um cenário perfeito para acolher o prestígio e a beleza do nosso campeonato", diz Al Thani em entrevista à EXAME.

Os números do Brasil reforçam a escolha dos organizadores do evento para sediar uma das etapas. O país ocupa a quarta posição global em rebanho de equinos, com 5,5 milhões de animais, ficando atrás de China, México e Estados Unidos.

Por aqui, o setor de equinos movimenta R$ 30 bilhões por ano e emprega mais de três milhões de pessoas, segundo um estudo conduzido por Roberto Arruda Souza Lima, engenheiro agrônomo e professor do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP.

Para a edição brasileira do GCAT, que ocorrerá entre domingo, 13, e segunda-feira, 14, foram investidos R$ 6,5 milhões.

"Organizar uma etapa do Global Champions Arabians Tour exige um padrão internacional de excelência em todos os aspectos, desde a infraestrutura da arena até o bem-estar dos cavalos, passando pela experiência do público e a visibilidade global do evento", afirma o sheikh.

Na visão de Al Thani, o GCAT é, hoje, a série mais valiosa da história do cavalo Árabe — em 2025, o prêmio total distribuído ultrapassará 24 milhões de euros.

"O Tour representa um investimento no futuro do esporte, com impacto direto na valorização de criatórios, no fortalecimento da indústria e na construção de um ecossistema global que apoia criadores, treinadores, organizadores e apaixonados pela raça", diz Al Thani.

A paixão de Al Thani por cavalos começou aos 12 anos, quando se dedicou ao salto ornamental, um esporte que rapidamente se tornou central em sua vida. Aos 18 anos, já havia alcançado o nível profissional, competindo nas mais altas categorias da modalidade.

No entanto, em 2015, sua carreira sofreu um revés em função de questões de saúde, o que levou o sheikh a se afastar das competições, pelo menos como atleta. Em 2023, Al Thani foi nomeado diretor-executivo adjunto do Global Champions Arabians Tour.

A escolha por Indaiatuba

Embora seja a primeira vez que um membro da família reinante do Catar visite Indaiatuba, não é a primeira vez que a cidade paulista, com cerca de 256 mil habitantes, recebe um evento desse porte.

O município é reconhecido como referência na criação e no treinamento de cavalos, especialmente da raça árabe.

Além disso, Indaiatuba sedia eventos importantes, como a Exposição Nacional do Cavalo Árabe, considerada a maior da América Latina. O Haras Vila dos Pinheiros, localizado na cidade, é mundialmente reconhecido na criação de cavalos árabes.

"A escolha de Indaiatuba reflete exatamente isso — uma cidade com tradição no setor, infraestrutura de qualidade e uma comunidade apaixonada e preparada para receber um evento desta magnitude", afirma Al Thani.

A cidade também se destaca no treinamento de cavalos de polo, com um trabalho focado na preparação genética dos animais. A Exposição Nacional do Cavalo Árabe, realizada anualmente em Indaiatuba, atrai criadores e entusiastas de diversas partes do mundo.

Em 2024, a exposição movimentou R$ 19 milhões em negócios. Só com a venda de animais, óvulos e embriões, foram mais de R$ 12 milhões, segundo dados da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe (ABCCA).

Nesta edição do Global Champions Arabians Tour, o prêmio total será de US$ 270 mil, distribuídos em seis categorias.

O primeiro lugar de cada categoria recebe US$ 10.000, o segundo US$ 8.000, o terceiro US$ 7.000, o quarto US$ 5.000, o quinto US$ 4.000, o sexto US$ 3.000, e do sétimo ao décimo, US$ 2.000 cada.

Ainda haverá a premiação geral das Américas, com os vencedores do Brasil, Estados Unidos e Canadá. A final das Américas ocorrerá em Las Vegas, em setembro. Além disso, será concedido um bônus de US$ 50 mil ao cavalo com a melhor pontuação no ranking geral das Américas.

Com a edição brasileira, Al Thani espera contribuir para o posicionamento definitivo do Brasil no mapa internacional do cavalo árabe.

"Minhas expectativas são altas. Tenho certeza de que será uma etapa memorável, tanto pelo nível técnico da competição quanto pela energia única que só o Brasil pode oferecer", afirma.

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