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Tarifa de 50% dos EUA pode levar a 4,5 mil demissões no setor de madeira do Brasil, diz Abimci

A indústria alertou que a continuidade da taxação pode comprometer 180 mil empregos formais e reduzir exportações para os EUA, além das 4 mil demissões que já gerou

28 - IndusParquet (Stock.XCHNG/Reprodução)

28 - IndusParquet (Stock.XCHNG/Reprodução)

Publicado em 17 de setembro de 2025 às 17h15.

Última atualização em 17 de setembro de 2025 às 18h07.

A taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos de madeira do Brasil já levou à demissão de cerca de 4 mil trabalhadores e pode provocar mais cortes nos próximos meses, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci).

A medida, em vigor desde 9 de julho, tem afetado diretamente empresas do setor. Além das demissões registradas até 15 de setembro, cerca de 5,5 mil trabalhadores foram colocados em férias coletivas e 1,1 mil estão em layoff (quando o contrato é suspenso ou a jornada é reduzida). Caso não haja avanço nas negociações bilaterais, a entidade projeta a perda de outros 4,5 mil postos de trabalho em até 60 dias.

Exportações em queda

A Abimci informou em nota que a medida já reduziu contratos e embarques desde julho, afetando diretamente as exportações. Em agosto, o volume enviado aos EUA caiu entre 35% e 50%, dependendo do produto.

Os Estados Unidos são o destino de aproximadamente 50% da produção brasileira de madeira processada, percentual que chega a 100% em alguns segmentos.

Em 2024, o setor exportou US$ 1,6 bilhão ao mercado americano, consolidado como principal destino das vendas externas. Atualmente, a atividade sustenta cerca de 180 mil empregos formais no Brasil e a manutenção das tarifas pode colocar em risco esses cargos.

Pressão sobre o governo brasileiro

Segundo a Abimci, a entidade participou de reuniões com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para solicitar que o governo brasileiro abra diálogo direto com Washington.

A associação defende negociações com base em critérios técnicos e comerciais, sem interferência política, e manifesta preocupação com possíveis impactos adicionais das investigações em curso nos EUA sob as Seções 232 e 301, que podem ampliar as barreiras ao setor.

Dessa forma, a entidade reforçou que a única solução para evitar o agravamento da crise é um acordo entre os dois governos para a revisão das tarifas e a retomada do comércio em condições normais.

“Enquanto isso, nossos governantes assistem, de forma passiva, milhares de trabalhadores perderem sua fonte de renda. A nós resta testemunhar, com consternação, a desestruturação de cadeias produtivas inteiras, consolidadas há anos, que sustentam inúmeras famílias em diferentes regiões do país", destacou a associação.

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