(Paulo Fridman/Bloomberg/Getty Images)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 12 de setembro de 2025 às 16h54.
As exportações de soja dos Estados Unidos na safra 2025/26 devem cair para 45,8 milhões de toneladas, segundo projeções divulgadas nesta sexta-feira, 12, pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), em seu relatório de oferta e demanda. Um mês antes, o número estimado pelo USDA era de 46,4 milhões de toneladas.
Se confirmado, será o menor montante das últimas duas safras. Em 2024/25, as exportações dos EUA foram de 51 milhões de toneladas.
A redução era esperada pelos analistas. Segundo algumas casas de análise, diante da guerra tarifária entre os Estados Unidos e a China, a estimativa era de uma queda nos embarques do grão americano para o país asiático, que deve preencher sua lacuna com soja brasileira e arggentina.
O USDA também elevou as projeções para os estoques de soja dos EUA no final da temporada. Segundo o órgão, o país deve ter estoques de 8,1 milhões de toneladas, aumento de 2,5% em relação a agosto — os EUA devem produzir 117 milhões de toneladas de soja.
Nesta semana, os importadores chineses já reservaram cerca de 7,4 milhões de toneladas de soja, principalmente da América do Sul, para embarques em outubro, cobrindo 95% da demanda projetada para o mês, além de 1 milhão de toneladas para novembro, ou cerca de 15% das importações esperadas.
Segundo a Reuters, traders e analistas afirmam que, com as negociações comerciais paralisadas entre os EUA e China, Brasil e Argentina têm preenchido o espaço americano.
O relatório semanal de compras divulgado pelo USDA na última segunda-feira, 8, mostra que a China ainda não fez nenhuma reserva de compra de soja americana referente à safra 2025/26 nas últimas semanas.
No mesmo período do ano passado, compradores chineses haviam reservado entre 12 a 13 milhões de toneladas de soja dos EUA para embarques entre setembro e novembro. Geralmente, a China reserva essas compras com antecedência para garantir preços mais competitivos.
Historicamente, os EUA exportam a maior parte de sua soja para a China entre setembro e janeiro, antes da chegada da colheita brasileira. No entanto, até o momento, compradores chineses não reservaram soja dos EUA para o novo ano-safra, segundo a Datagro.
No Arkansas, um dos principais estados exportadores de soja dos EUA, produtores relataram estar em uma situação crítica. Em um vídeo publicado na rede social Reddit, eles afirmam que a "economia agrícola está em dificuldades".
"Setembro está chegando. A colheita está começando no sul profundo, e não temos nenhum bushel de soja registrado para vender à China nesta safra que está prestes a sair do campo", disse um agricultor americano.
Brasil e Estados Unidos são os principais fornecedores de soja para a China. Em 2024, o país asiático importou 105 milhões de toneladas de soja, sendo 71% provenientes do Brasil e 21% dos EUA, segundo dados do TradeMap da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O Brasil deve bater um recorde de exportação de soja em 2025, com previsão de enviar 112 milhões de toneladas até janeiro de 2026, com a China, principal compradora, sendo o destino majoritário, diz a Datagro, consultoria agrícola.
De fevereiro a agosto de 2025, o Brasil já embarcou 86 milhões de toneladas, ou 76% da meta projetada para o ano agrícola, que se encerra em janeiro de 2026.
Em agosto, as importações de soja pela China atingiram um recorde de 12,3 milhões de toneladas. Estima-se que até 75% desse total tenha origem brasileira, segundo a consultoria.
Nesta sexta-feira, o USDA manteve em 175 milhões de toneladas sua projeção para a safra brasileira de soja em 2025/26.