Brasil

55% dos alunos do 9° ano querem trabalhar e estudar

A maioria dos jovens pretendem conciliar as horas de estudo com as jornadas nas empresas, segundo estudo


	Alunos em sala de aula: apenas 2% querem largar os estudos e se dedicar apenas ao trabalho
 (Getty Images)

Alunos em sala de aula: apenas 2% querem largar os estudos e se dedicar apenas ao trabalho (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2013 às 09h11.

Brasília - Começar a ganhar o próprio dinheiro, seja para ajudar a família seja para pagar os próprios gastos, é o desejo de mais da metade (55%) dos estudantes brasileiros que cursam o 9° ano do ensino fundamental.

Eles não querem sair da escola, pretendem conciliar as horas de estudo com as jornadas nas empresas. Antes disso, ainda no 5° ano - se abaixo dos 14 anos, proibidos por lei - 14% dos alunos de escolas públicas já trabalham foram de casa.

Os dados foram levantados pelo QEdu: Aprendizado em Foco, uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann., organização sem fins lucrativos voltada para a educação.

A pesquisa foi feita com base nos questionários socioeconômicos da Prova Brasil 2011, aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgada em agosto do ano passado.

Dos 1.992.296 de alunos do 9° ano que responderam à pesquisa, 1.075.628 (55%) pretendem estudar e trabalhar, 614.838 (31%) querem continuar apenas estudando e 33.487 (2%) querem largar os estudos e se dedicar apenas ao trabalho.

No 5° ano, de 2.280.315 alunos, 294.011 (14%) trabalham. A Constituição Federal proíbe qualquer trabalho para menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz a partir dos 14 anos.

“Podemos inferir pelos dados que aqueles que ainda estão no 5° ano vivem em situação mais delicada de pobreza e trabalham muitas vezes ajudando as famílias. Já os alunos do 9° ano estão entrando no mercado e alguns abandando as escolas”, diz o responsável pelo estudo, o coordenador de Projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins.

O levantamento mostra que, entre os alunos do 5º ano, as maiores porcentagens dos que trabalham estão na Região Nordeste: Alagoas (22,1%), Pernambuco (21,8%) e Bahia (20,6%).

A região tem renda per capita média de R$ 396 mensais, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As demais regiões do país têm renda per capita mensal acima de R$ 700 e na Região Norte o valor é R$ 440.


Quando se trata de alunos do 9° ano, o perfil muda. O número maior de estudantes que pretendem estudar e trabalhar está em regiões mais ricas: Distrito Federal (65,7%), seguido por Santa Catarina (65,1%) e Espírito Santo (62,5%).

Os estados com maior porcentagem de alunos que pretendem apenas estudar estão no Norte e Nordeste: Maranhão (41,2%), Acre (41%) e Amapá (40,8%). As maiores porcentagens de estudantes que querem apenas trabalhar estão em São Paulo (2,5%), Pernambuco (2,2%) e no Ceará (2%).

De acordo com a secretária executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, Isa de Oliveira, o trabalho a partir do 9° ano pode ser positivo se for como aprendiz. “O programa vai exigir do adolescente a continuidade dos estudos, além de cobrar um bom desempenho escolar. Em outras condições, trata-se de uma inserção no mercado de trabalho que pode motivar o abandono e a negligência com a escola."

Os dados do Ministério do Trabalho mostram, no entanto, que em 2012 foram admitidos apenas 286.827 novos participantes no Programa Jovem Aprendiz – uma parceria do governo com empresas particulares para inserção dos jovens no mercado de trabalho.

O número corresponde a 14,4% dos estudantes que desejavam trabalhar e estudar. Segundo o ministério, há capacidade para maior absorção.

Caso todas as empresas de médio e grande portes destinassem um mínimo de 5% das vagas para os adolescentes, como determina a legislação (Lei 10.097/00 e Decreto 5598/05), haveria pelo menos 1.236.051 novas admissões por ano.

Analisando os números, a diretora executiva do Todos pela Educação tem outra preocupação: "Os dados não mostram aqueles que estão fora das escolas e do mercado de trabalho. Os jovens em idade escolar que não estudam nem trabalham têm aumentado em número no Brasil". O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) constatou que, de 2000 a 2010, o número dos chamados nem nem, jovens de 15 a 29 anos que nem estudam nem trabalham aumentou em 708 mil. "Precisamos olhar também para eles", diz.

Acompanhe tudo sobre:EducaçãoEducação no BrasilJovens

Mais de Brasil

Lula anuncia pagamento do Pé-de-Meia e gratuidade dos 41 remédios do Farmácia Popular

Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta ‘aparente articulação para golpe de Estado’, diz Barroso

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

Governo de São Paulo inicia extinção da EMTU