Brasil

A ONU vs. a PEC do teto 

A proposta do governo de congelar os gastos públicos, conhecida como PEC do Teto, ganhou nesta sexta-feira um crítico de peso, a Organização das Nações Unidas (ONU). Em comunicado publicado em Genebra, na Suíça, relatores das Nações Unidas condenaram o pacote de medidas do governo federal, alegando que reajustar o orçamento levando em conta apenas a […]

Para ONU, congelar investimentos vai prejudicar os mais pobres ao cortar recursos em áreas essenciais como educação (Nacho Doce/Reuters)

Para ONU, congelar investimentos vai prejudicar os mais pobres ao cortar recursos em áreas essenciais como educação (Nacho Doce/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2016 às 17h55.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h50.

A proposta do governo de congelar os gastos públicos, conhecida como PEC do Teto, ganhou nesta sexta-feira um crítico de peso, a Organização das Nações Unidas (ONU). Em comunicado publicado em Genebra, na Suíça, relatores das Nações Unidas condenaram o pacote de medidas do governo federal, alegando que reajustar o orçamento levando em conta apenas a inflação do ano anterior vai prejudicar os mais pobres e colocar em risco toda uma geração ao cortar investimentos nas áreas sociais.

A PEC 55, em tramitação no Senado Federal, é considerada essencial pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles para resolver a grave crise fiscal brasileira. O texto, que deve ser votado no dia 13 de dezembro, prevê o congelamento dos gastos pelos próximos 20 anos. Com a limitação, especialistas preveem que a educação deixará de receber 300 bilhões de reais em investimentos nesse período. Regular os recursos pela inflação viola, inclusive, a própria constituição, que prevê gasto mínimo de 18% da arrecadação para a educação e 15% para a saúde.

“A emenda vai atingir com mais força os brasileiros mais pobres e mais vulneráveis, aumentando os níveis de desigualdade em uma sociedade já extremamente desigual e, definitivamente, assinala que para o Brasil os direitos sociais terão muito baixa prioridade”, afirma Philip Alston, relator especial da ONU para extrema pobreza e direitos humanos. Ele elogiou os avanços do Brasil dos últimos anos. Um levantamento da própria ONU, realizado em 2015, aponta o país como referência em combate à pobreza extrema. Enquanto o mundo conseguiu reduzir a miséria de 47% para 22% entre 1990 e 2012, o Brasil baixou os índices de 25,5% para 3,5%, além de ter erradicado a fome. O posicionamento de Alston foi apoiado pela relatora para Educação, Boly Barry.

Na carta, os relatores cobraram que o governo discuta a proposta publicamente, antes de submetê-la à votação. Também recomendam que outras possibilidades de reforma sejam consideradas, uma vez que estudos econômicos internacionais mostram que políticas de austeridade fiscal aumentam o desemprego e a desigualdade no curto prazo e não possuem evidências de sucesso no longo prazo. As críticas devem esquentar os debates no Senado, na próxima terça-feira.

Acompanhe tudo sobre:Exame HojeÀs Sete

Mais de Brasil

'Se eu fosse o poder concedente, eu não prorrogaria o contrato', diz Tarcísio sobre Enel

EUA querem uma solução ‘inconstitucionalmente impossível’, diz Haddad

Anatel justifica fim da obrigatoriedade do uso do 0303

STF confirma direito de recusar transfusão de sangue por motivos religiosos