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Alerta do TCU sobre estatais e rombo nos Correios viram arma para oposição

A previsão de aliados do presidente Lula é que o prejuízo de empresas estatais será usado para atacar o governo

A empresa estatal registrou prejuízos e acendeu o alerta no governo federal  (Eduardo Frazão/Exame)

A empresa estatal registrou prejuízos e acendeu o alerta no governo federal (Eduardo Frazão/Exame)

Publicado em 14 de novembro de 2025 às 06h01.

A força-tarefa criada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para fiscalizar o fluxo financeiro de nove empresas estatais e a situação dos Correios se tornaram duas das principais preocupações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além do risco para as contas públicas alertado em relatório recente do Tesouro Nacional, o temor é que a oposição aproveite o tema para emplacar mais uma narrativa numa seara difícil para o governo navegar.

Primeiro, porque o discurso costuma ser acompanhado de recordações sobre a quebradeira de estatais na época da Lava Jato, assunto delicado para o PT. Segundo, por dar força ao argumento de que essas empresas só servem como "cabides de emprego" e não geram efeito efetivo positivo para o país, o que costuma ter apelo junto à opinião pública.

A previsão de pessoas próximas a Lula é que a direita irá usar esse filão para rebater os dados econômicos recentes que o governo considera positivos e afirmar que as gestões petistas não tratam com zelo o dinheiro público.

“O discurso de que o PT é perdulário e só usa a máquina pública em proveito próprio vai ser ancorado no triste desempenho dessas estatais”, diz uma fonte com acesso direto a Lula ouvida sob reserva pela EXAME.

A principal preocupação diz respeito aos Correios, que teve no primeiro semestre de 2025 um resultado negativo de R$ 4,3 bilhões e registrou uma queda de 11,3% de receita líquida desde 2021, último ano de lucro da estatal devido ao aumento de compras online decorrentes da pandemia da Covid-10.

O governo trocou a presidência do órgão e Emmanoel Rondon assumiu o lugar de Fabiano Silveira Santos na tentativa de recuperar o prejuízo e a imagem da empresa. Como solução emergencial, o Executivo articulou uma operação de crédito de R$ 20 bilhões, com garantia do Tesouro Nacional, para reestruturar a empresa e evitar tanto o desgaste público quanto o impacto nas contas públicas.

Nove estatais na mira do TCU

Além disso, a decisão do TCU que foi além dos Correios ampliou o problema para o governo.

A força-tarefa da corte de contas também irá verificar a situação de outras oito estatais: Casa da Moeda, Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), Empresa Gestora de Ativos (Emgea) e cinco companhias docas, empresas que gerem portos públicos. São elas: CDC (Ceará), CDP (Pará), Codeba (Bahia), CDRJ (Rio de Janeiro) e Codern (Rio Grande do Norte).

A ação do tribunal foi motivada por um relatório do Tesouro Nacional que apontou fragilidades financeiras e possível risco às contas públicas em nove de 27 estatais analisadas.

"Pretende-se ampliar o escopo de fiscalização para além dos aspectos exclusivamente financeiros, incorporando dimensões de governança, experiência operacional e qualidade da gestão, fatores que frequentemente estão na raiz das dificuldades fiscais enfrentadas por essas entidades", disse o ministro Vital do Rêgo, presidente do tribunal.

Rêgo afirmou que unidades de auditoria do tribunal já estiveram com a equipe dos Correios a fim de formular uma solução para os prejuízos recentes. Para 2025, o governo Lula projeta déficit de R$ 6,2 bilhões nas contas das estatais federais e de R$ 6,7 bilhões em 2026.

O ministro Walton Alencar Rodrigues foi mais duro em relação ao governo ao comentar a criação da força-tarefa. 

"No passado, as gestões do governo federal eram sempre submetidas a um estresse absoluto em razão da má gestão dessas entidades e agora não está sendo diferente. De uma gestão em que nenhuma entidade estatal apresentava prejuízos, agora nós temos nove e, se deixar, no final do ano serão 12", disse.

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