Agência de notícias
Publicado em 18 de setembro de 2025 às 10h12.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deve anunciar nesta quinta-feira o relator do projeto da anistia aos envolvidos nos atos do 8 de janeiro de 2023. Segundo líderes do Centrão, o escolhido deve ser o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP).
A indicação foi costurada em reunião no início da noite de quarta-feira, pouco antes da Casa aprovar o regime de urgência da proposta — decisão que representou uma vitória simbólica para o bolsonarismo, ocorrendo apenas uma semana após a condenação de Jair Bolsonaro no STF por participação na trama golpista.
O Centrão destacou que Paulinho tem trânsito entre diferentes forças políticas e pode suportar as pressões do Supremo, da esquerda e de setores do próprio bloco. Aliado histórico do movimento sindical e de integrantes do governo, o deputado se afastou do Executivo após receber pouco espaço na Esplanada, mas mantém boa interlocução entre partidos do Centrão e da oposição.
Para líderes, esse perfil será crucial para tentar costurar um texto com chances de aprovação, embora a tarefa seja difícil diante da polarização que envolve o tema.
A aprovação da urgência, por larga maioria, provocou críticas entre aliados de Lula, que acusam Motta de ceder a pressões do PL. Para a base bolsonarista, o gesto serviu como resposta imediata ao julgamento do ex-presidente e às condenações de aliados por participação na tentativa de golpe.
O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, comentou:"Quero expressar minha gratidão pelo equilíbrio do presidente e registrar os partidos que estiveram conosco nesse momento."
O projeto original de anistia foi apresentado em 2023 pelo senador Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), mas parlamentares admitem que ele funcionará apenas como “carcaça” para um novo texto.
"Eu fiz o texto pensando em quem esteve aqui no Congresso. Agora é natural que se inclua os condenados na trama golpista, e trate de redução de penas", disse Crivella ao GLOBO, logo após a votação.
A intenção de tratar apenas da redução de penas, evitando um perdão irrestrito, divide bancadas. Bolsonaristas pressionam para incluir militares e lideranças políticas acusadas de planejar os atos, enquanto parte do Centrão quer deixar o texto apenas para quem depredou a Praça dos Três Poderes.
A expectativa é que o mérito do projeto só volte ao plenário em pelo menos duas semanas.