Brasil

Moro presta depoimento à PF em Curitiba; manifestantes brigam

Ex-ministro da Justiça presta depoimento neste sábado sobre acusações feitas contra o presidente Jair Bolsonaro ao sair do governo

Apoiadores do ministro Moro e do presidente Bolsonaro em frente à PF de Curitiba (Franklin FREITAS/AFP)

Apoiadores do ministro Moro e do presidente Bolsonaro em frente à PF de Curitiba (Franklin FREITAS/AFP)

AO

Agência O Globo

Publicado em 2 de maio de 2020 às 14h03.

Última atualização em 2 de maio de 2020 às 16h25.

O ex-ministro Sérgio Moro começou seu depoimento à Polícia Federal em Curitiba neste sábado. Moro chegou à sede da PF por volta das 14 horas e presta depoimento sobre as acusações feitas por ele contra o presidente Jair Bolsonaro ao deixar o governo. 

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e do ex-juiz Sergio Moro estão concentrados na entrada da sede da superintendência da Polícia Federal. Cerca de 50 representantes do grupo "Acampamento com Bolsonaro" estacionaram um carro de som e gritam palavras de ordem contra Moro, o Supremo Tribunal Federal (STF) e a favor do presidente.

- Estamos em luto porque [Moro] saiu da pior forma possível - afirmou uma apoiadora do presidente Bolsonaro do carro de som. Os manifestantes se recusaram a dar entrevista.

Outro grupo, menor, trouxe um cartaz em apoio a Moro e ao procurador da Lava-Jato Deltan Dallagnol.

- Pessoas que ficam gritando traidor não perderam 22 anos de juiz por promessas de um político de falsa carreira. Por que estão tão nervosos e com tanto medo? Se não deve nada não precisa ficar nervoso - afirmou Marcos Silva, coordenador do grupo "Amigos da Lava-Jato".

A espera do ex-ministro Sergio Moro para depor gerou um clima de tensos em frente a superintendência da PF em Curitiba

Um cinegrafista da RIC TV, afiliada da Record no Paraná, foi agredido por um suposto militante bolsonarista. O homem se aproximou do jornalista ameaçando com a haste de uma bandeira do Brasil e tentando empurrar o equipamento no chão.O agressor foi afastado pelos policiais e foi hostilizado pelos demais manifestantes pró-Bolsonaro que o acusaram de ser um infiltrado petista.

O servidor público Álvaro Faria também foi hostilizado pelos manifestantes e foi escoltado longe do local pela Polícia Militar. Sozinho, ele vestia uma camiseta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aguardava a chegada de Moro.

-É a oportunidade de ver Moro depor e prestar esclarecimentos ao país, não só em relação a esse episódio da saída do ministério. Ele tem muito a explicar a nação. Possivelmente será o início de várias chamadas a esclarecimentos- afirmou Faria, minutos antes de deixar o local.

Inquérito

O depoimento de Moro foi determinado pelo ministro Celso de Mello, do STF. O interrogatório vai instruir o inquérito que investiga o teor do discurso de Moro ao se despedir do cargo de ministro da Justiça, no dia 24 de abril, quando o ex-juiz da Lava-Jato acusou o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir indevidamente nas atividades da Polícia Federal

O pedido de abertura de inquérito foi feito pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, no mesmo dia em que Moro deixou o comando do Ministério da Justiça. Mais antigo integrante do Supremo, Celso de Mello foi o ministro sorteado para fazer a relatoria do caso.

Aras quer que seja investigado se o presidente Bolsonaro cometeu crime por ter tentado interferir nas atividades da Polícia FF, como disse Moro. E, também, se o ex-ministro da Justiça disse a verdade no discurso.

Aras informou ao Supremo que há suspeita de cometimento de sete crimes: falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de justiça, corrupção passiva privilegiada e denunciação caluniosa.

Intimidação

A pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-ministro deverá apresentar, em seu depoimento, “manifestação detalhada sobre os termos do pronunciamento, com a exibição de documentação idônea que eventualmente possua acerca dos eventos em questão”.

Em entrevista à revista “Veja”, Moro criticou os termos nos quais Aras pediu a abertura de inquérito. O ex-ministro considerou a requisição intimidatória. Em nota, o procurador-geral rebateu o ex-ministro e afirmou que requerimento foi "técnico" e não tinha "caráter intimidatório" e que "ninguém está acima da Constituição".

Neste sábado, horas antes do depoimento, o presidente Bolsonaro chamou seu ex-ministro de Judas em uma rede social.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoJair BolsonaroPolícia FederalSergio Moro

Mais de Brasil

Lula anuncia pagamento do Pé-de-Meia e gratuidade dos 41 remédios do Farmácia Popular

Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta ‘aparente articulação para golpe de Estado’, diz Barroso

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

Governo de São Paulo inicia extinção da EMTU