Agência de notícias
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 20h01.
Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), cancelaram as sessões que haviam sido agendadas para esta terça-feira após integrantes da oposição obstruírem o andamento dos trabalhos e ocuparem as tribunas das duas Casas. O movimento dos oposicionistas ocorreu em reação à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Alcolumbre chamou de "exercício arbitrário" a ocupação da Mesa Diretora e cancelou a sessão. Desde a manhã, parlamentares de oposição fazem protestos contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pressionam para que o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e a anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro sejam pautados. Alcolumbre e o Motta não apareceram nas Casas na tarde desta terça.
"A ocupação das Mesas Diretoras das Casas, que inviabilize o seu funcionamento, constitui exercício arbitrário das próprias razões, algo inusitado e alheio aos princípios democráticos. Faço, portanto, um chamado à serenidade e ao espírito de cooperação. Precisamos retomar os trabalhos com respeito, civilidade e diálogo, para que o Congresso siga cumprindo sua missão em favor do Brasil e da nossa população", escreveu Alcolumbre, acrescentando que fará uma reunião de líderes.
Motta, por sua vez, decidiu antecipar a reunião de líderes da Casa e disse que as sessões de hoje e de quarta-feira da Câmara estão suspensas.
Segundo o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, Motta o telefonou para perguntar sobre as obstruções e prometeu que a oposição seguirá mobilizada, em rodízio, durante toda a madrugada.
– O presidente Hugo Motta me ligou na parte da tarde. Eu expliquei a ele as motivações e que são ações coordenadas. Em especial no Senado, os senadores disseram que o presidente Alcolumbre não atendia os líderes há mais de quinze dias. A única forma que encontramos foi ocupando as mesas e será rodízio pela madrugada toda.
Na manhã desta quarta-feira, uma reunião de líderes está agendada. Sóstenes, contudo, afirma que a oposição não irá participar. Segundo ele, o desejo é conversar com Motta e Alcolumbre juntos, para que ambos se comprometam a ao menos dialogar acerca de suas demandas.
"Acompanho a situação em Brasília desde as primeiras horas do dia de hoje, inclusive o que vem acontecendo agora à tarde no plenário da Câmara. Determinei o encerramento da sessão do dia de hoje e amanhã chamarei reunião de líderes para tratar da pauta, que sempre será definida com base no diálogo e no respeito institucional. O Parlamento deve ser a ponte para o entendimento", declarou.
Motta passou a maior parte desta terça-feira na Paraíba, seu estado natal, onde participou da inauguração de um hospital ao lado do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Na ocasião, ele comentou sobre a prisão domiciliar de Bolsonaro, mas evitou se comprometer e não fez uma defesa e nem crítica a ele.
– Eu penso que o legítimo direito de defesa tem que ser respeitado, que é um direito de todos, mas que decisão judicial deve ser cumprida. E é isso que nós estamos vendo, a decisão do Supremo Tribunal Federal ser cumprida. Não cabe aqui nem ao presidente da Câmara, nem a ninguém estar comentando ou na minha avaliação, tentando avaliar ou qualificar essa ou aquela decisão. Há um processo, os advogados falam nos autos, o juiz da mesma forma, o que tem acontecido nesse processo inerente ao presidente Bolsonaro.
Motta iria participar de um evento no Ceará e a previsão inicial era que o presidente da Câmara estivesse em Brasília apenas amanhã, mas ele antecipou a volta para a capital federal após articulação dos deputados da oposição, que ocuparam o Plenário da Casa e tentam impedir a realização de sessões.
Após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, na noite desta segunda-feira, integrantes da oposição afirmaram que vão tentar pautar o projeto que anistia os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e cobraram o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a dar andamento aos pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A prisão de Bolsonaro foi decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes após o descumprimento de medidas cautelares impostas no inquérito das milícias digitais. O ex-presidente participou por telefone de manifestações anti-STF no Rio e em São Paulo. As falas foram replicadas nas redes sociais, inclusive de seus filhos parlamentares, o que Moraes interpretou como descumprimento da proibição de usar redes sociais.
O ex-presidente usava tornozeleira eletrônica desde o último dia 18, por suspeita de colaborar com seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), investigado por articular sanções contra autoridades brasileiras nos Estados Unidos.