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Aprovação de Lula cai para 23,9% e é a pior desde o início do governo, diz Futura

O número de entrevistados que aprovam o trabalho de Lula caiu 8 pontos percentuais, a maior variação entre pesquisas em sequência. A avaliação negativa subiu 2,8 pontos

Popularidade de Lula: após melhora no último mês, aprovação caiu novamente (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)

Popularidade de Lula: após melhora no último mês, aprovação caiu novamente (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)

Publicado em 27 de junho de 2025 às 12h24.

Última atualização em 27 de junho de 2025 às 13h04.

O percentual de eleitores que avaliam o trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como ótimo ou bom é de 23,9%, o pior patamar desde o início do governo, aponta a pesquisa do instituto Futura Inteligência, divulgada nesta sexta-feira, 27.

Segundo a pesquisa, o percentual de eleitores que consideram o trabalho de Lula como ruim ou péssimo é de 51,1%; 24,2% consideram o trabalho regular, e 0,8% não sabe ou não respondeu sobre o governo do petista.

O número de entrevistados que aprovam o trabalho de Lula caiu 8 pontos percentuais, a maior variação entre uma pesquisa e outra. A avaliação negativa subiu 2,8 pontos.

Os dados mostram uma piora na avaliação do governo após uma sinalização de recuperação no levantamento divulgado no início do mês, quando a aprovação subiu.

Essa é a sexta vez em que a avaliação negativa fica numericamente acima da positiva na série histórica da pesquisa, que conta com dez rodadas.

José Luiz Soares Orrico, fundador e diretor técnico da Futura, afirma que a avaliação de Lula começou a piorar em 2024 e foi impactada negativamente com crises recentes, como a do Pix, do IOF e do INSS.

"A avaliação, a partir do ano passado, começou a piorar. Piorou bastante. Este ano, com dois casos que ocorreram — o IOF e, principalmente, o INSS, a questão [das fraudes nas] aposentadorias — a avaliação dele piorou ainda mais. Isso tem contribuído para a 'boca de jacaré', a diferença entre avaliação negativa e positiva, crescer", diz.

Eleições já começaram

Orrico avalia ainda que a "eleição já começou", ao citar a recente crise do governo com o Congresso, que derrubou um decreto presidencial pela primeira vez em 33 anos. O fundador da Futura diz que, apesar de ter a máquina pública, a gestão petista lida com dificuldades fiscais que podem dificultar programas sociais.

"A máquina existe, mas está com pouco dinheiro. Não restam dúvidas sobre a sua capacidade, mas teremos de observar. Muito provavelmente, pode acontecer que ele consiga melhorar a avaliação. Eu acho que o Centrão já desembarcou. E esse desembarque deixa Lula em uma situação muito difícil, porque tudo o que ele precisar do Congresso para melhorar sua avaliação, o Congresso não vai aprovar", afirma.

Após a derrubada do decreto que aumentou o IOF, o governo afirma que programas, como o Minha Casa, Minha Vida, vale-gás e Pé-de-Meia, podem ser afetados em caso de um corte no orçamento de até R$ 12 bilhões para atingir a meta de resultado das contas públicas.

A pesquisa Futura entrevistou 2 mil brasileiros adultos entre os dias 12 e 23 de junho de 2025. A margem de erro do levantamento é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Mau-humor com a economia acompanha piora na popularidade

O pior patamar da popularidade de Lula acompanha a percepção negativa da população sobre a economia. Segundo a pesquisa, 60,3% afirmam que a situação econômica do Brasil é ruim ou péssima, 26,7% afirmam que é regular, enquanto apenas 11,7% dizem que é ótima ou boa.

Na comparação com a última pesquisa, a avaliação negativa da economia teve uma variação de 1,2 ponto percentual, enquanto a positiva oscilou 2,1 pontos. Desde agosto de 2024, a percepção de que a economia é ruim ou péssima subiu 8 pontos percentuais.

Orrico diz que a avaliação da economia está relacionada a como a população avalia a própria vida e o impacto em suas decisões no dia a dia.

"Se o preço do alimento sobe, isso impacta negativamente. Se o preço do ônibus sobe, também impacta negativamente. A escola onde eu coloco o meu filho sobe, isso também impacta negativamente", afirma.

A população também mostra insatisfação com a criação de empregos, onde 42,8% dizem que está ruim ou péssima e apenas 26% têm uma percepção positiva. A avaliação contrasta com os dados reais. Nesta sexta-feira, o IBGE divulgou que o desemprego caiu para 6,2%, a menor taxa para o mês de maio na história, com aumento de pessoas com carteira assinada.

O fundador da Futura diz que esse descompasso entre os dados oficiais e a avaliação está relacionado à qualidade do emprego.

"Por outro lado, o índice de desemprego não é apenas uma questão de ter muita gente empregada. E, de fato, há mais pessoas empregadas. Mas o problema é que os empregos ofertados não têm qualidade, do ponto de vista da percepção do entrevistado. São empregos com salários baixos e com muitas horas de trabalho", diz.

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