Brasil

Aras pede à equipe análise sobre possíveis crimes cometidos por Bolsonaro

Só o PGR pode pedir a abertura de um inquérito no STF sobre o presidente para apurar as tentativas de interferência política nos trabalhos da PF

Jair Bolsonaro: Moro afirmou que Bolsonaro queria ter acesso a informações de inteligência da PF (Alan Santos/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro: Moro afirmou que Bolsonaro queria ter acesso a informações de inteligência da PF (Alan Santos/PR/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 24 de abril de 2020 às 17h46.

Última atualização em 24 de abril de 2020 às 17h47.

Algumas horas após o pronunciamento do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, assistiu à gravação do anúncio de demissão do agora ex-ministro da Justiça e pediu à sua equipe uma análise jurídica sobre possíveis crimes cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro em sua conduta, caso se confirmem os relatos de Sergio Moro.

Só Aras pode pedir a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o presidente para apurar as tentativas de interferência política nos trabalhos da Polícia Federal, relatados pelo por Moro ao anunciar sua saída do governo.

A equipe analisa se a conduta de Bolsonaro apresenta indícios suficientes para ser enquadrada em delitos como obstrução à investigação de organização criminosa e advocacia administrativa. Após o fim desta análise, Aras decidirá se envia ao STF um pedido de abertura de inquérito. Ainda não há prazo para que isso ocorra, mas Aras tem pressa na análise devido à urgência dos fatos.

Esse pedido agravaria a situação da crise política de Bolsonaro, após a perda de um dos seus ministros mais importantes e em meio a graves relatos de tentativa de interferência na Polícia Federal.

O antecessor de Bolsonaro na Presidência, Michel Temer (MDB), chegou a ser formalmente investigado durante o exercício do cargo e foi denunciado três vezes pela Procuradoria-Geral da República (PGR) enquanto ainda era presidente.

Segundo Moro, Bolsonaro manifestou preocupação com inquéritos em curso no STF que podem lhe atingir e disse que tinha interesse em mexer na PF para frear esses inquéritos. Há duas investigações que atingem aliados do presidente: o inquérito das fake news, aberto no ano passado, e outra investigação mais recente solicitada nesta semana por Aras para investigar a organização de manifestações antidemocráticas e pró-ditadura militar. Ambas tramitam sob relatoria do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Moro também afirmou que Bolsonaro queria ter acesso a informações de inteligência da PF, o que o ministro considerou inaceitável.

Indicado por Bolsonaro para comandar a PGR, Aras tem sido criticado por seus pares e por outros setores da sociedade por suposta omissão em relação à postura do presidente na crise do coronavírus.

A PGR arquivou seis representações feitas por cidadãos e partidos políticos que apontavam que Bolsonaro cometeu crime ao sair às ruas em meio ao isolamento do coronavírus.

A equipe, porém, tem frisado que as análises feitas por Aras são técnicas e respaldadas na lei. Por isso, a avaliação é que as acusações de Moro têm teor mais concreto e apontam efetivamente para possíveis crimes cometidos.

Acompanhe tudo sobre:Jair BolsonaroPGR - Procuradoria-Geral da RepúblicaPolícia FederalSergio Moro

Mais de Brasil

Erika Hilton apresenta hoje proposta para acabar com escala 6x1

Sul sofrerá com onda de calor, enquanto 18 estados terão chuvas intensas nesta terça

Lula se reúne hoje com centrais sindicais falar do FGTS de quem optou por saque-aniversário

Lula anuncia pagamento do Pé-de-Meia e gratuidade dos 41 remédios do Farmácia Popular