Apoiadores de Jair Bolsonaro durante ato do 7 de Setembro na Avenida Paulista (Nelson Almeida/AFP)
Redação Exame
Publicado em 7 de setembro de 2025 às 18h48.
O ato em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, cujo julgamento por suposta tentativa de golpe de Estado acabará na próxima semana no Supremo Tribunal Federal, levou os principais expoentes da direita à famosa avenida Paulista neste domingo, 7 de setembro.
A tradicional manifestação desse campo político, que sempre acompanha o Dia da Independência, contou com a participação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, do presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, e do pastor Silas Malafaia.
Estiveram presentes ainda os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), entre outras lideranças políticas.
O primeiro a discursar foi o presidente do PL, acompanhado por Renato Bolsonaro, irmão do ex-presidente. Valdemar afirmou que Renato se candidatará a deputado federal na próxima eleição. E que Jair Bolsonaro segue candidato do partido para 2026. Antes, porém, lembrou os episódios de 8 de janeiro, classificando-os como "baderna generalizada" e reconhecendo que os participantes mereceriam punição. Mas, em seguida, fez um apelo por anistia para todos os envolvidos.
A defesa mais firme da anistia veio, contudo, na fala de Tarcísio, que voltou a defender o tema afirmando que "não há nenhuma prova" ligando o ex-presidente aos episódios de 8 de janeiro.
"É por isso que a gente está aqui para dizer para o Hugo Motta, paute a anistia! Hugo, paute, paute a anistia! Deixe a Casa decidir. Eu eu tenho certeza de que ele vai fazer isso porque trazer a anistia para a pauta é resgatar a justiça, é resgatar o país. Não podemos nos afastar do império da lei", falou ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).
O governador de São Paulo é cotado nos bastidores como o mais provável candidato para disputar a eleição presidencial de 2026. Publicamente, ele nega a possibilidade.
Ainda no discurso desta tarde, pediu "Bolsonaro nas urnas" em 2026, afirmando novamente que seu padrinho político é o "único candidato" da direita no ano que vem.
"Só há uma forma de resolver isso, é a anistia ampla. Temos que viver num país onde as divergências sejam resolvidas na urna, deixa Bolsonaro ir para a urna, qual o problema? Ele é nosso candidato e tenho certeza que, ele indo para a urna, ele vai ganhar a eleição", completou o governador de São Paulo.
O ex-presidente está inelegível até 2030, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Michelle Bolsonaro também teve um momento de fala e foi ovacionada pela multidão ao subir no palanque. Segurando um boneco do marido, a ex-primeira-dama começou seu discurso aos prantos.
"Realmente, não têm sido dias fáceis. Estou tendo que me desdobrar como mãe, como esposa, como presidente do PL. Mas antes de tudo como amiga, para poder cuidar dele, para que ele fique bem", declarou.
Michelle afirmou ainda estar sofrendo perseguição religiosa durante a prisão domiciliar do ex-presidente, referindo-se à decisão do STF que, segundo ela, não autorizou a realização de cultos em sua casa. "É muita humilhação que estamos vivendo".
Organizador do ato, Silas Malafaia também atacou o STF, sobretudo na figura do ministro Alexandre de Moraes, e a operação da Polícia Federal da qual foi alvo em agosto. "Achei que estava demorando muito para chegar minha vez (...) parte da PF atua como 'Gestapo de Alexandre de Moraes'", afirmou, comparando-a à polícia política do regime nazista.
Sobre a investigação, que revelou seus diálogos com Bolsonaro, disse que o objetivo era "denegrir sua imagem" no meio evangélico. Malafaia também comentou a ausência de Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, que está nos EUA: "Eu e Bolsonaro fomos contra a ida de Eduardo para a América. Agora, eu entendo, porque se Eduardo estivesse aqui, ele já teria ido para a cadeia".
Dados oficiais apontam que a manifestação reuniu cerca de 42 mil pessoas. O julgamento de Bolsonaro e mais sete réus pela trama golpista ocorre na Primeira Turma do tribunal. A análise do caso será retomada a partir de terça-feira, 9.