Os atos ocorrem em meio a uma crise interna do PT, que viu 12 de seus deputados votarem a favor da PEC da Blindagem (Reprodução/Câmara dos Deputados)
Repórter de ESG
Publicado em 21 de setembro de 2025 às 06h01.
Última atualização em 21 de setembro de 2025 às 09h32.
A esquerda mobiliza protestos em ao menos 33 cidades brasileiras neste domingo, 21, contra a PEC da Blindagem, proposta aceita pelos deputados que permite barrar prisões contra parlamentares e processos criminais no Supremo Tribunal Federal contra deputados e senadores.
As manifestações foram convocadas às pressas pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligadas ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e ao Partido dos Trabalhadores (PT), além de movimentos como Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto. São esperadas manifestações em ao menos 22 capitais.
Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares e da Frente Brasil Popular, afirmou à Folha de S.Paulo que os protestos são influenciados também pela urgência para aprovar o projeto da anistia.
“Não daria para ficar assistindo só pelas redes. É necessário ter o elemento rua”, disse.
Os atos ocorrem em meio a uma crise interna do PT, que viu 12 de seus deputados votarem a favor da PEC da Blindagem.
Os parlamentares alegam ter sido vítimas de um acordo com partidos de centro para tentar barrar a anistia — estratégia que se mostrou ineficaz quando a urgência da proposta foi aprovada no dia seguinte.
Os ministros do governo federal não confirmaram presença nos atos, seguindo orientação do Palácio do Planalto para não agravar o atrito entre Executivo e Legislativo, segundo apuração da Folha.
As convocações seguem o padrão de manifestações recentes da esquerda sob o mote "Congresso inimigo do povo".
O protesto do Rio de Janeiro contará com apresentações de Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil no posto 5 de Copacabana, com expectativa de atrair público além da esquerda.
Em São Paulo, a manifestação será em frente ao MASP, na avenida Paulista, às 14h, com expectativa de superar as 8,8 mil pessoas que compareceram ao ato do 7 de setembro no Vale do Anhangabaú, segundo o Monitor do Debate Político do Cebrap.
A mobilização reflete a tentativa da oposição de esquerda de capitalizar o desgaste do Congresso após uma semana considerada decisiva para a blindagem de autoridades envolvidas em investigações criminais, incluindo casos relacionados aos atos de 8 de janeiro e à trama que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.