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BC cria nova regra para mercado de câmbio

Instituições financeiras terão 90 dias para se adequar à nova regra

Sede do Banco Central, em Brasília: nova medida tem caráter prudencial (João Ramid/Veja)

Sede do Banco Central, em Brasília: nova medida tem caráter prudencial (João Ramid/Veja)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2011 às 16h28.

Brasília - O Banco Central (BC) informou hoje que está adotando uma medida para redimensionar as posições de câmbio das instituições financeiras. Circular que será publicada hoje no Sisbacen - sistema de informações da instituição - determina que os bancos recolham ao BC, sob a forma de depósito compulsório, 60% sobre o valor da posição de câmbio vendida que exceder o menor dos seguintes valores: US$ 3 bilhões ou o patrimônio de referência (PR). Esse depósito compulsório será recolhido em espécie e não será remunerado.

As instituições financeiras terão 90 dias para se adequar à nova regra. No jargão do mercado financeiro, “estar vendido” sinaliza realização de negócios que exigem a entrega futura de dólar ou pagamento da variação cambial. Na prática, isso representa a aposta dos bancos de que o real vai se valorizar. Estar “comprado”, por consequência, sinaliza a expectativa de depreciação da moeda brasileira.

A nota do BC, divulgada nesta manhã, informa que a diretoria da instituição decidiu adotar essa medida de caráter prudencial. Segundo a autoridade monetária, a medida aperfeiçoa os instrumentos de regulação existentes e contribui para manter a estabilidade do sistema financeiro nacional.

Com a nova regra, o BC busca melhorar o funcionamento do mercado de câmbio à vista e reduzir as posições vendidas do sistema, que em dezembro de 2010 alcançavam um valor de US$ 16,8 bilhões.

Explicação

O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, explicou que, com as novas medidas anunciadas hoje para o mercado de câmbio, a ideia é fazer um ajuste nas posições vendidas de caráter prudencial. Segundo ele, não é bom para a economia quando o sistema se desloca para um polo ou para o outro polo (comprado ou vendido em dólar). Isso porque, segundo ele, o mercado futuro sempre traz um risco e incerteza em relação à taxa de câmbio. Por isso, não é bom, afirmou ele, que haja uma concentração em uma das pontas.

No jargão do mercado financeiro, “estar vendido” sinaliza realização de negócios que exigem a entrega futura de dólar ou pagamento da variação cambial. Na prática, isso representa a aposta dos bancos de que o real vai se valorizar. Estar “comprado”, por consequência, sinaliza a expectativa de depreciação da moeda brasileira.

Aldo observou que, quando um mercado está em posição vendida (em dólar), ao ocorrer uma valorização do câmbio, ele tem que correr para comprar a moeda para cobrir essa posição. "Existe uma concentração em um dos polos?", questionou. "Não necessariamente", respondeu, apontando dados de 2009 e 2010 que mostram uma mudança de posição comprada (em dólar) para posição vendida (em dólar). No fim de 2009, havia uma posição comprada de US$ 2,9 bilhões, que passou a vendida no fim de 2010 em US$ 16,8 bilhões.

Equilíbrio

Mendes disse ainda que o "ideal" é que o sistema financeiro trabalhe com uma posição cambial mais próxima do equilíbrio, ao invés de se concentrar em um polo específico. Ele afirmou que a posição vendida não necessariamente significa aposta em uma determinada tendência para a taxa de câmbio, pois às vezes reflete operações normais das instituições financeiras, como as de comércio exterior.

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