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Bolsonaro recebe 'ultimato médico' para cumprir quarentena e tem nova cirurgia descartada

Novo mal-estar acendeu o alerta na cúpula do PL, que teme imagem de fragilidade do principal quadro do partido

Former Brazil's President Jair Bolsonaro (C) arrives at the Federal Senate to have lunch with leaders of opposition parties in Brasilia on February 18, 2025. (Photo by Sergio Lima / AFP) (Sergio Lima / AFP)

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Agência o Globo
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Publicado em 2 de julho de 2025 às 17h14.

Última atualização em 2 de julho de 2025 às 17h34.

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O cancelamento das agendas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em julho se deveu a uma espécie de "ultimato" recebido da equipe que o atende, depois de se sentir mal, nesta terça-feira, em Brasília.

Ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), Bolsonaro ouviu que as recorrentes crises de soluço que vem enfrentando são fruto de uma esofagite provocada pelo uso prolongado de sonda, no pós-cirúrgico do procedimento realizado no abdômen, em abril. Para evitar novas crises do tipo, alertaram os médicos, o ex-mandatário deverá cumprir repouso e realizar exercícios regulares.

— A pneumonia está controlada e nós descartamos qualquer nova cirurgia para a questão do abdômen neste momento. É hora de descansar e se recuperar, apenas — afirmou ao O Globo o cirurgião Cláudio Birolini, que participou da última cirurgia do ex-presidente e o atendeu nesta quarta-feira.

Alerta no PL e impacto nas campanhas futuras

O novo mal-estar acendeu o alerta da cúpula do PL. Além da preocupação natural com a saúde de Bolsonaro, há o temor de que os seguidos episódios hospitalares passem a imagem de fragilidade do principal quadro do partido. Bolsonaro segue se colocando como candidato à Presidência em 2026, apesar de estar inelegível. As baixas na saúde dele, internamente, são vistas como campo para que nomes da esquerda e até mesmo outros nomes da direita postulam o Palácio do Planalto passem a questionar a sua capacidade de entrar na corrida eleitoral. Por isso, a recomendação no partido é a de não contar com Bolsonaro em nenhum evento até que exista uma liberação médica.

De acordo com boletim divulgado mais cedo, o ex-presidente realizou exames que apontaram uma "intensa esofagite com processo inflamatório, erosões mucosas e gastrite moderada". Bolsonaro passou por uma endoscopia digestiva e será submetido a tratamento medicamentoso para tratar da inflamação.

Com a mudança no quadro de saúde, Bolsonaro cancelou as agendas previstas em Santa Catarina e Rondônia. A ausência nos compromissos foi comunicada a aliados ontem, depois do ex-presidente faltar ao evento do PL 60+ na Câmara dos Deputados, em Brasília. O ex-presidente havia retomado as agendas do PL cinco dias depois de voltar às atividades, uma semana depois de ficar afastado devido a uma pneumonia infecciosa. Desde então, Bolsonaro fazia tratamento com antibióticos. A recomendação médica era de repouso e redução de atividades públicas, mas o ex-mandatário esteve presente na manifestação na Avenida Paulista, como a realizada neste domingo, e viajou para Belo Horizonte na semana passada.

Histórico de internações e tratamentos médicos

Bolsonaro foi alvo de uma facada em 2018, no dia 6 de setembro em Juiz de Fora (MG), durante a sua primeira campanha à presidência. Apesar do tempo do atentado, ele continua convivendo com problemas de saúde. Além das sete cirurgias, o então presidente precisou ser internado em pelo menos 13 ocasiões.

A primeira cirurgia ocorreu logo depois do atentado. Levado às pressas a Santa Casa de Misericórdia da cidade, um ultrassom indicou a necessidade de uma cirurgia de emergência. Dois dias após o primeiro procedimento, o então candidato foi levado para o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e submetido a um procedimento de desobstrução que retirou aderências de seu intestino delgado.

Após a posse, em janeiro de 2019, Bolsonaro realizou mais um procedimento para retirar a bolsa de colostomia colocada após a facada. Ele utilizava o acessório desde o atentado e precisou ficar 18 dias internado em São Paulo. Em setembro do mesmo ano, fez novo procedimento, desta vez para corrigir uma hérnia causada por uma das operações anteriores, uma consequência comum em operações no intestino.

Em janeiro de 2020, ele foi internado para a realização de exames e fez também uma vasectomia, cirurgia para homens que não desejam ter mais filhos. Essa cirurgia não foi confirmada oficialmente pelo Palácio do Planalto. Em setembro de 2019, o ex-presidente também retirou um cálculo renal através de uma cistolitotripsia endoscópica, procedimento pouco invasivo.

Em setembro de 2023, ele fez um procedimento de correção das alças e outro de hérnia de hiato, devido à obstrução intestinal e do refluxo gastroesofágico. No ano passado, em maio, Bolsonaro chegou a ficar internado 12 dias em São Paulo com erisipela e dores abdominais.

Em abril, Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia para desobstruir parte do intestino no hospital DF Star, em Brasília. O procedimento, chamado “laparotomia exploradora”, consiste em cortar o abdome para examinar os órgãos internos. No caso do ex-presidente, houve o diagnóstico de retenção do trânsito do intestino. O objetivo, então, foi desfazer as “aderências” que bloquearam a digestão do paciente. Depois, houve a reconstrução da parede abdominal, feita para reforçar a musculatura dessa parte do corpo.

A obstrução intestinal, causa da última internação de Bolsonaro, ocorre quando há bloqueio do intestino, parcial ou completo, o que impede o funcionamento normal do sistema digestivo ou a passagem das fezes. O ex-presidente também foi hospitalizado devido ao problema em maio do ano passado, em 2023 e em 2021. Em 2023, ele também chegou a ser operado para resolver a questão.

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