Brasil

Bolsonaro veta nova Lei Aldir Blanc, que previa R$ 3 bilhões para Cultura

Aprovada pelo Senado, proposta criaria política permanente para a área, com recursos destinados a estados e municípios a partir de 2023

Bolsonaro veta nova Lei Aldir Blanc, que previa R$ 3 bilhões para setor cultural (Alan Santos/PR/Flickr)

Bolsonaro veta nova Lei Aldir Blanc, que previa R$ 3 bilhões para setor cultural (Alan Santos/PR/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 5 de maio de 2022 às 09h25.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou a nova Lei Aldir Blanc, projeto que criaria uma política permanente para o setor cultural. Aprovada pelo Senado, em março — por 74 votos a favor e nenhum contrário —, a proposta previa o repasse anual de R$ 3 bilhões a estados e municípios durante cinco anos. Em despacho publicado nesta quinta-feira (5) no Diário Oficial da União, Bolsonaro afirma que decidiu vetar integralmente o projeto de lei, "por contrariedade ao interesse público e inconstitucionalidade".

O que é a Lei Aldir Blanc?

A Lei Aldir Blanc 2 (ou nova Lei Aldir Blanc) aperfeiçoa outra legislação de mesmo nome que tratava das políticas para o setor durante a pandemia, mas expirou em 2021. Uma das diferenças agora seria o caráter permanente da medida. Representando o governo Bolsonaro, o senador Carlos Portinho (PL-RJ) afirmou, à época da aprovação do projeto, que o Planalto ficou satisfeito com a redação final da proposta, que disse ser "uma política pública verdadeira para o setor da cultura".

— Fico satisfeito com o projeto, o governo também — disse, após a aprovação da lei pelo Senado.

VEJA TAMBÉM: Câmara aprova novo piso salarial de R$ 4,7 mil para a enfermagem

Por que Bolsonaro vetou a lei?

Entre as razões para o veto, Bolsonaro afirma que o projeto de lei "retira a autonomia do Poder Executivo federal em relação à aplicação dos recursos", além de "enfraquecer as regras de priorização, monitoramento, controle, eficiência, gestão e transparência elaboradas para auditar os recursos federais e a sua execução".

Relator do projeto, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) frisou, após a aprovação da lei pelo Senado, que a cultura foi uma das áreas mais afetadas pela pandemia e que o caráter permanente da medida era "uma providência indispensável e urgente".

Outro veto à cultura

Bolsonaro já havia vetado, em abril, a Lei Paulo Gustavo, também de ajuda ao setor cultural, e que previa repasse de R$ 3,8 bilhões para estados e municípios garantirem ações emergenciais. Aprovado pela Câmara e pelo Senado, em março de 2022, por maioria absoluta dos parlamentares, o projeto de lei batizado em homenagem ao ator e humorista — que morreu há exatamente um ano, vítima da Covid-19 — voltará a ser apreciado pelo Congresso nesta quinta-feira (5).

Por meio de votação, prevista para acontecer a partir das 10h de quinta (5), deputados e senadores poderão derrubar o veto presidencial. Para que isso ocorra, é preciso haver maioria absoluta dos votos — 41 de senadores e 257 de deputados. Se os números não forem atingidos, o veto à Lei Paulo Gustavo será mantido.

A proposta garante o investimento de R$ 2,79 bilhões ao setor audiovisual e R$ 1,06 bilhão para outros projetos culturais. O objetivo é trazer um alívio econômico ao setor, duramente afetado pela pandemia. Os recursos dos cofres da União — oriundos do Fundo Nacional de Cultura e do Fundo Setorial do Audiovisual — serão direcionados aos estados e municípios para socorrer as atividades relacionadas à cultura.

Bolsonaro criticou o projeto de lei sugerindo que governadores iriam repassar recursos para "figurões" que, segundo ele, foram prejudicados por mudanças na Lei Rouanet. Ao vetar a lei, o presidente afirmou que destinaria a quantia para as Santas Casas e o agronegócio.

Acompanhe tudo sobre:CulturaGoverno BolsonaroJair Bolsonaro

Mais de Brasil

Justiça Eleitoral condena Pablo Marçal a 8 anos de inelegibilidade pela 2ª vez

Flávio Dino manda líder do PL na Câmara explicar fala sobre emendas

Bolsonaro apresenta 'melhora progressiva' em exames, mas segue sem previsão de alta

De azeite e café a sabão em pó, fiscalização já apreendeu 112 mil produtos falsificados no Rio