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Brasil gasta mais com segurança do que com pesquisa, diz CNI

Segundo a confederação, no ano passado, foram gastos cerca de R$ 30 bilhões com segurança, enquanto, com pesquisa, foram gastos R$ 12,5 bilhões

Intervenção no RJ: ação colocou em evidência a segurança pública no país e o debate sobre a necessidade ou não de maior presença do governo federal nos demais entes federativos (Ricardo Moraes/Reuters)

Intervenção no RJ: ação colocou em evidência a segurança pública no país e o debate sobre a necessidade ou não de maior presença do governo federal nos demais entes federativos (Ricardo Moraes/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 5 de março de 2018 às 13h28.

Última atualização em 5 de março de 2018 às 15h12.

Indústria gasta mais em segurança do que com pesquisa e desenvolvimento, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a confederação, no ano passado, foram gastos cerca de R$ 30 bilhões com segurança, enquanto, com pesquisa, foram gastos R$ 12,5 bilhões, de acordo com os últimos dados disponíveis, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2015.

"É uma despesa que está fora do lugar", diz o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes. "As empresas estão tendo perdas com segurança pública no Brasil, com perda de mercadorias, com a necessidade de gastar mais com segurança. O conjunto das despesas faz com que a CNI estime que se gasta mais em segurança pública que em pesquisa e desenvolvimento", acrescenta.

De acordo com a CNI, em 2017, a indústria de transformação teve que gastar R$ 30 bilhões devido à roubos, furtos, vandalismos, além de gastos com seguro e segurança privada. Com pesquisa e desenvolvimento, todos os ramos da indústria, incluídas também a indústria extrativa e da construção civil, gastaram R$ 12,5 bilhões, em 2015, segundo o IBGE.

Hoje (5), a CNI divulgou o Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022, que traz uma agenda para o próximo governo, que será eleito em outubro. O documento listou 11 fatores-chave para aumentar a competitividade e promover o crescimento sustentado da economia nos próximos quatro anos, elaborado com base em sugestões de empresários. A segurança pública é um desses fatores.

De acordo com a pesquisa, para 12% dos empresários, a segurança pública afeta muito na hora de investir e escolher a localização da empresa. Outros 23% disseram que afeta moderadamente a decisão de investimento, em termos da localização. Para 33% afeta pouco; para 25% não afeta. Outros 7% não responderam. Para a CNI, o resultado mostra que localizações mais eficientes, perto da fonte das matérias-primas ou do consumidor, são desconsideradas devido à insegurança, o que aumenta o custo de produção.

A CNI diz que a baixa qualidade da segurança pública faz com que as pessoas paguem duas vezes, primeiro em impostos e depois em segurança privada. Um impacto indireto é a redução da produtividade dos trabalhadores. "A ansiedade em relação à própria segurança e à de sua família prejudica o aprendizado e a concentração dos trabalhadores, além de gerar atrasos e até mesmo ausências do trabalho", diz o estudo.

A intervenção federal no Rio de Janeiro colocou em evidência a segurança pública no país e o debate sobre a necessidade ou não de maior presença do governo federal nos demais entes federativos. Para a CNI, a melhoria da segurança pública "deve resultar em maior qualidade de vida e um ambiente mais favorável à atividade econômica", diz o relatório.

A confederação recomenda ao novo governo o estímulo a criação de um plano nacional de segurança pública; estímulo à criação de sistema nacional de informações de segurança, com dados padronizados e disponíveis à sociedade; e, promoção do combate à pirataria e à venda de produtos roubados.

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