Brasil

Brasil não vai cumprir meta de saneamento básico, diz CNI

O Brasil não vai conseguir universalizar o saneamento básico na primeira metade do século 21, segundo estudo da CNI


	Local sem saneamento básico: “no ritmo atual, vai demorar muito para o Brasil ter a universalização", diz a CNI
 (Valter Campanato/ABr)

Local sem saneamento básico: “no ritmo atual, vai demorar muito para o Brasil ter a universalização", diz a CNI (Valter Campanato/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2016 às 21h38.

O Brasil não vai conseguir universalizar o saneamento básico na primeira metade do século 21.

Estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), feito a partir de dados secundários, projeta que apenas em 2054 todos os brasileiros terão direito a morar num local com água encanada e tratamento de esgoto.

“No ritmo atual, vai demorar muito para o Brasil ter a universalização, especialmente na coleta de esgoto, que é a coisa mais grave. 2054 a Deus pertence, está muito longe”, lamenta o gerente de Infraestrutura da CNI, Wagner Cardoso, responsável pelo estudo Burocracia e Entraves no Setor de Saneamento.

A data prevista pelo governo federal para a universalização é 2033, último ano do Plano Nacional de Saneamento Básico.

De acordo com o estudo da CNI, com base no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, 52,4% dos municípios da Região Norte têm água encanada e 6,5% têm rede para coleta de esgoto.

O índice de tratamento do esgoto gerado na região é inferior a 15%. A média nacional é 82,5% de água encanada, 48,6% de coleta de esgoto e 39% de tratamento.

Diante do contexto de aumento de casos de dengue, febre chikungunya e vírus Zika, o gerente de Infraestrutura da CNI avalia que “custa muito caro não ter saneamento no país, principalmente nas internações hospitalares”.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cada dólar gasto com saneamento básico economiza US$ 4,3 com gastos com saúde.

Desperdício Além dos problemas de acesso ao saneamento, o estudo da CNI aponta o elevado índice de perda na distribuição de água. Em valores monetários, o desperdício e o roubo de água fazem com que de cada R$ 100 gastos para fornecer água, apenas R$ 63 sejam faturados pelas companhias de abastecimento.

Segundo Wagner Cardoso, a água é perdida por causa da falta de junta nas tubulações, canos furados e uso de equipamentos velhos na distribuição.

A perda de água é ainda pior na Região Norte, onde mais da metade da água captada (50,8%) não chega aos domicílios, aponta o levantamento.

Para o gerente de Infraestrutura da CNI, há um “círculo vicioso” que perpetua os problemas de fornecimento de água. “Nós temos um sério problema de planejamento urbano e esse é um dos problemas que afeta a eficiência também. Não é só um problema, a gente tem burocracia, tem falta de recurso, tem perdas, tem roubo de água, tem um planejamento muito ruim, tem baixa eficiência das empresas de saneamento”, listou.

No estudo, a CNI também faz críticas à “falta de estrutura na regulação”, relata “dificuldades de financiamento”, reclama do “excesso de tributação” e aponta para a “baixa qualidade dos projetos de engenharia e lentidão nas obras” do setor de saneamento no país.

“Entre o projeto ser descrito no papel e começar demoram 22 meses em média. É um tempo muito longo para o financiamento e a cidade vai se transformando”, descreve Cardoso.

Procurado pela reportagem, o Ministério das Cidades, responsável pelas políticas de saneamento, não comentou as informações divulgadas pela CNI até o fechamento desta matéria.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDados de BrasilSaneamentoCNI – Confederação Nacional da Indústria

Mais de Brasil

Reforma administrativa: veja os principais pontos dos projetos que atingem servidores

Brasil cobra libertação imediata de brasileiros detidos por Israel em flotilha humanitária

Ministro da Saúde recomenda evitar destilados sem 'absoluta certeza' da origem

Intoxicação por metanol: Polícia de SP prende duas mulheres com uísque falsificado em Dobrada (SP)