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Brasil quer conquistar promissor mercado chinês com café sustentável e de qualidade

Um dos principais atrativos do café brasileiro é a produção sustentável, segmento no qual o Brasil também é líder mundial

Café brasileiro: País, líder mundial na produção do grão, vê na China um potencial de US$ 886 milhões ao ano (Alexandre Rezende/NITRO/Divulgação)

Café brasileiro: País, líder mundial na produção do grão, vê na China um potencial de US$ 886 milhões ao ano (Alexandre Rezende/NITRO/Divulgação)

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 1 de março de 2025 às 08h00.

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O Brasil, líder mundial na produção e exportação de café, aposta na qualidade e na sustentabilidade do seu grão para aumentar as vendas ao exterior e conquistar o promissor mercado da China, que já conta com mais de 300 milhões de consumidores.

De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), entre os diferenciais do produto brasileiro, que compete principalmente com Vietnã, Colômbia, Alemanha, Honduras e Etiópia, estão a credibilidade e a pontualidade na entrega, além da variedade e da capacidade produtiva e tecnológica.

Diante do crescimento do consumo e das vantagens que oferece, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) estima que o mercado chinês pode representar um potencial anual de US$ 886 milhões em negócios, considerando café verde e torrado.

Sustentabilidade e valor

Para seguir crescendo em um mercado global cada vez mais preocupado com a conservação ambiental, um dos principais atrativos do café brasileiro é a produção sustentável, segmento no qual o Brasil também é líder mundial, segundo a Plataforma Global do Café.

De acordo com dados do Cecafé, os chamados "cafés diferenciados", que possuem qualidade superior ou certificações de práticas sustentáveis, representaram 18,1% das exportações totais brasileiras em 2024, com um crescimento de 31,2% em comparação com 2023.

"Buscamos conectar a sustentabilidade, a cafeicultura regenerativa e o aspecto social do café às novas regras de mercado, com monitoramento da produção e transparência", afirmou o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos.

Matos destacou que o cultivo de café consome mais carbono do que produz, e que os resultados são ainda melhores quando os produtores adotam práticas sustentáveis.

Segundo ele, boa parte dos cafeicultores desmata menos do que a meta estabelecida por lei, o que faz com que as regiões produtoras de café do Brasil possuam uma área preservada equivalente a 1,25 vezes o tamanho da Suíça.

Além disso, no quesito sustentabilidade, o café da Amazônia tem migrado para um modelo de cultivo tecnológico e sustentável, beneficiando mais de 17.000 famílias, segundo Laudemir Muller, gerente de Agronegócios da ApexBrasil.

"É um produto compatível com a floresta, que permite, em áreas degradadas, uma produção com rastreabilidade, sustentabilidade e que gera renda e satisfação para os produtores locais", afirmou Muller.

Nesse sentido, Matos enfatizou que o café brasileiro é diverso, de qualidade e sustentável, respeita os direitos humanos e atende às condições adequadas de produção, agregando valor ao produto e gerando conexão com os consumidores.

O promissor mercado chinês

Os Estados Unidos e a Alemanha foram os principais compradores do café brasileiro em 2024, quando o país registrou um recorde de 50 milhões de sacas de 60 kg exportadas.

Embora a China tenha aparecido apenas na 14ª posição, com 939.087 sacas compradas, o Brasil já é seu principal fornecedor e aposta no crescimento do mercado de café verde.

Segundo a ApexBrasil, este segmento pode gerar US$ 503,8 milhões ao ano para o café brasileiro.

Por isso, a China é um mercado prioritário para o projeto "Brazil, the Coffee Nation", que busca fortalecer a imagem do país como "nação do café" no mercado internacional e criar oportunidades de negócios.

A iniciativa é desenvolvida pela ApexBrasil e pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), que representa um café de alta qualidade e sustentável, cada vez mais popular na Ásia.

Abertura e modernidade

Na China, o consumo de café é recente e predominante entre jovens de maior nível educacional, associado a status e a um estilo de vida moderno e cosmopolita, resultado da abertura econômica do país, segundo Túlio Cariello, diretor de conteúdo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

Para conquistar esse público, grandes redes chinesas e estrangeiras investem em inovação e sabores diferenciados, como bebidas que misturam café com água de coco e laranja.

Com perfis sensoriais diversos, com destaque para os florais e fermentados, que lembram os chás amplamente consumidos no país, o café especial também está ganhando espaço, disse Vinicius Estrela, diretor-executivo da BSCA.

Estrela destacou que o café especial brasileiro, que domina 40% do mercado internacional, também "tem a função de romper barreiras, gerar uma nova percepção e atrair novos consumidores".

"O consumidor chinês está experimentando esses cafés e os está descobrindo. É fácil fazer a transição do chá para o café, pois são bebidas com sensações semelhantes", acrescentou Estrela.

Acordo milionário

Um dos sinais da tendência de crescimento do mercado chinês é o acordo com a rede Luckin Coffee, articulado pela ApexBrasil e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Assinado em 2024, o acordo prevê a compra de 240.000 toneladas de café entre 2025 e 2029, em um valor recorde estimado em US$ 2,5 bilhões.

"Eles têm a visão de que o consumo continuará crescendo e, para garantir o fornecimento, é essencial uma proximidade com a maior fonte, que é o Brasil", comentou Matos.

Por sua vez, Estrela destacou que estabelecer uma relação sólida com os produtores brasileiros reduz a exposição da empresa às oscilações de preços na bolsa de valores.

"Construir essa relação com o mercado brasileiro é estratégico para o crescimento e a internacionalização da Luckin Coffee, e, para nós, essa via de mão dupla é muito positiva", acrescentou.

Segundo o executivo da BSCA, o reconhecimento do café brasileiro no mercado internacional não só impulsiona as exportações, mas também valoriza o produto no mercado interno.

"Meu sonho é que os brasileiros possam se reconectar e sentir orgulho do café que produzimos, e este é um caminho importante para isso", concluiu Estrela.

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