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Brasileiros querem que Lula proíba a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, aponta pesquisa

Levantamento do Datafolha mostra que 61% da população espera que o governo federal vete a atividade na região; rejeição chega a 73% entre jovens

Responsável pela encomenda da pesquisa alerta que os próximos meses serão decisivos para definir o legado ambiental do governo Lula. (Agência Petrobras/Divulgação)

Responsável pela encomenda da pesquisa alerta que os próximos meses serão decisivos para definir o legado ambiental do governo Lula. (Agência Petrobras/Divulgação)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 15 de outubro de 2025 às 16h37.

Última atualização em 15 de outubro de 2025 às 17h48.

Uma pesquisa nacional do Datafolha revelou que 61% dos brasileiros querem que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) proíba a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, região com alto potencial petrolífero localizada no litoral do Amapá.

A pesquisa, encomendada pela organização Ekō, ouviu 2.005 pessoas em 112 municípios, no periodo de 8 e 9 de setembro.

O resultado, com margem de erro de dois pontos percentuais, demonstra uma expectativa clara da população por uma ação governamental que vete definitivamente a exploração na área.

Vale destacar que a demanda pela proibição é ainda maior entre os jovens de até 24 anos, chegando a 73%, evidenciando uma pressão crescente das novas gerações sobre o governo federal para que priorize a proteção ambiental, especialmente às vésperas da COP30, que será realizada em Belém.

Brasileiros cobram preservação da Amazônia

O levantamento também mostra que a população espera ações concretas do governo na preservação da floresta. Cerca de 77% concordam com a meta de eliminar o desmatamento ilegal até 2030, embora apenas 17% acreditem que o governo Lula conseguirá cumprir esse objetivo.

Além disso, 60% dos entrevistados afirmam sentir impactos negativos das mudanças climáticas, como enchentes e ondas de calor.

Paralelamente, 81% defendem mais ações governamentais para proteger comunidades marginalizadas dos efeitos climáticos, o que reforça a expectativa por uma postura mais enérgica do presidente na agenda ambiental.

Petrobras investe milhões enquanto aguarda licença

Enquanto a população manifesta o desejo pela proibição, a Petrobras aguarda há meses a autorização do Ibama para perfurar um poço exploratório na Foz do Amazonas.

A estatal já investiu R$ 180 milhões apenas para manter um navio sonda posicionado na região durante a espera.

Vale lembrar que, o Ibama havia aprovado um simulado de emergência, mas condicionou a licença definitiva a uma série de ajustes solicitados à empresa.

Mesmo assim, o setor petrolífero não interrompeu seus planos na área. Em junho deste ano, grandes petroleiras como Petrobras, ExxonMobil, Chevron e CNPC arremataram 19 de 47 blocos exploratórios ofertados pelo governo federal na região.

A organização Ekō, responsável pela encomenda da pesquisa, alerta que os próximos meses serão decisivos para definir o legado ambiental do governo Lula.

Posicionamento da Petrobras

Após a publicação da matéria, a Petrobras entrou em contato e enviou uma nota, afirmando que realizou pesquisas, em parcerias com institutos de pesquisa, que mostram que o tema ainda é "pouco conhecido" pela população. A petroleira defende que os benefícios percebidos superam os receios. Confira a nota na íntegra:

A Petrobras tomou conhecimento da pesquisa realizada pelo Datafolha por meio da imprensa, não sendo possível fazer qualquer comentário sobre a enquete. A companhia não teve acesso ao material, desconhecendo premissas e metodologia utilizados. Contudo, os resultados causam estranheza, pois são bastante divergentes de uma série de pesquisas de opinião realizadas pela Petrobras sobre Margem Equatorial nos últimos anos.

A Petrobras realiza, em parceria com instituto de pesquisa independente, pesquisas periódicas com a população para avaliar o conhecimento sobre a Margem Equatorial, medir a favorabilidade aos investimentos e mapear preocupações sobre impactos socioambientais.

O levantamento mais recente, conduzido no segundo trimestre de 2025, mostra que o tema ainda é pouco conhecido pela população. Muitos entrevistados associam equivocadamente as operações à foz do rio Amazonas. Na realidade, os blocos se distribuem por uma ampla faixa do litoral brasileiro, em áreas marítimas distantes de manguezais e ecossistemas sensíveis. No Amapá, por exemplo, o bloco em avaliação fica em águas profundas, a cerca de 160 km da costa e mais de 500 km da foz do Amazonas.

Apesar do conhecimento limitado, a pesquisa aponta alta confiança na Petrobras e no Ibama para decidir sobre a exploração. A maioria reconhece a expertise da companhia e considera que ela atua com responsabilidade socioambiental. Dentre os participantes, aqueles que conhecem os benefícios socioeconômicos de eventuais operações futuras na Margem Equatorial são mais favoráveis ao tema.

Os benefícios percebidos superam os receios: geração de empregos, melhoria da infraestrutura, apoio a projetos ambientais e atração de investimentos. Nos próximos cinco anos, são previstos investimentos de US$ 3,1 bilhões para 16 poços na região.

A Petrobras reforça que o debate deve se basear em informação qualificada, considerando que desenvolvimento e proteção ambiental podem coexistir com segurança, transparência e rigor técnico. A companhia tem como valor o respeito à vida, às pessoas e ao meio ambiente, e executa todas as suas operações com segurança, total respeito e cuidado com o meio ambiente e com a população para proporcionar um impacto social positivo nas comunidades onde atua.

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